Balinhas do Céu
Contos | 2025 - Antologia Emanuele de Fátima Flor e Convidados - Versos que Encantam | Rose CorreiaPublicado em 27 de Agosto de 2025 ás 08h 47min
Sinopse:
Em Balinhas do Céu, acompanhamos a infância de uma menina sonhadora que transforma a simplicidade do seu cotidiano em histórias e contos mágicos. Entre balinhas imaginárias que caem do céu e segredos guardados em folhas de árvores, ela descobre que os sonhos podem florescer mesmo nos lugares mais improváveis, mantendo viva a esperança e a magia de acreditar.
Balinhas do Céu
À beira da estrada era o cenário, e a natureza, inspiração.
Ainda pequena, de pés descalços, saia pelas canelas, cabelos soltos ao vento, cheia de sonhos e encantamento.
Enquanto a brisa dançava sob a copa das árvores, o rio cantava lindamente, descendo as colinas.
A bicharada fazia algazarra floresta adentro.
O céu, azul como um imenso mar, e o sol, reinando num esplendor alaranjado.
Ela conseguia escutar cada som, cada gesto, e sentir a brisa dançando.
O cenário era perfeito: com título, subtítulo, entrelinhas e uma linda história.
Mas não havia lápis, caneta ou caderno.
Entretanto, em sua mais pura inocência, atreveu-se a pegar um simples palito de madeira,
escolheu entre tantas folhas das árvores e as usou como papel, para escrever seus sonhos e histórias.
Depois, compartilhava com os passarinhos que a observavam ao longe.
Nada podia destruir seus sonhos escritos naquelas folhas, muito menos desprezar os personagens fictícios que guardava em um lugar secreto.
Seu lar era um simples ranchinho de pau a pique, coberto por lona preta.
Não havia móveis, nem brinquedos, roupas caras ou sapatos,
mas havia amor e harmonia.
Ela não sabia quase nada além do que lhe era contado.
Vivia na simplicidade daquele lugar e acreditava que tudo era possível, até cair do céu balinhas de hortelã.
Seu avô dizia:
— Olhe! Já posso ouvir o Fuuuuuu do avião... corram, que as balinhas já vão cair!
Elas eram jogadas por um senhor bondoso.
Enquanto as crianças corriam, ele aproveitava a ocasião:
colocava as mãos no bolso e, enquanto todos olhavam para cima,
lançava as balinhas ao vento.
E ela saía correndo, sempre querendo pegar mais do que as outras crianças.
Contudo, quando cresceu e seu avô foi morar com Deus,
descobriu que muita coisa era lendária.
Não havia senhor bondoso jogando balinhas por aí para crianças desfavorecidas.
Mas ela não se decepcionou.
Em seu lugar secreto, as folhas continuavam cheias de contos e lendas.
E, em alguma de suas anotações, havia senhores bons — que ainda aguardavam para serem descobertos.
Simplesmente sorriu e continuou com a esperança de que ainda existem senhores bons
que andam de avião por aí,
jogando balinhas cheias de sonhos para meninas sonhadoras...
Mesmo que sejam apenas em contos e lendas.
E, assim como seu avô, ela também aprendeu a guardar segredos.
Segredos que não se perdem com o tempo, mas florescem em silêncio, transformando-se em histórias.
Histórias que fazem outras crianças acreditarem que, do céu, ainda podem cair sonhos embrulhados em papel de hortelã —
doces lembranças que alimentam a esperança e mantêm viva a magia de acreditar.
Rose Correia
Comentários
É doce ser criança! A inocência é tão bela! Um belo conto!
Lorde Égamo | 27/08/2025 ás 13:24 Responder Comentários