As garças tristes
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 04 de Novembro de 2025 ás 10h 20min
As garças tristes se encolhem com frio,
tão longe na beira do rio,
onde as águas se embalam lentas,
sussurrando segredos ao vento,
os mistérios do tempo profundo,
que escorrem como a luz do sol
na superfície calma dos sonhos.
Cores desbotadas, ecos do passado,
os verdes das margens agora pálidos,
plantas que dançam em valsa
com a sombra das nuvens,
as garças, silhuetas elegantes,
mas pesadas de saudade,
como se o peso do céu
as fizesse se curvar.
E a brisa, essa amiga silenciosa,
traz o frio que arrepia a pele,
os sons distantes das águas
que nunca esquecem o seu caminho,
e o chamado dos pássaros antigos
que outrora cantaram neste lugar,
agora só murmúrios perdidos
nestes bosques de solidão.
Lá, na solidão da beira do rio,
as garças esperam o amanhecer,
com as penas envoltas em névoa,
sorrindo para a eternidade,
em seus olhos um brilho de esperança,
como estrelas que nunca se apagam,
mesmo em noites de tempestade.
E o sol, tímido, desponta no horizonte,
as cores se fundem em um abraço
que aquece as almas feridas,
fazendo as garças erguerem-se,
deixando o frio para trás,
desafiando o dia que se aproxima,
eterno ciclo de luta e beleza.
Que estas garças possam ensinar,
que mesmo na tristeza e no frio,
a vida se renova na beira do rio,
onde cada momento é um sopro,
uma dança de luz e sombra,
um convite à esperança,
dois corações à procura,
os pássaros e o icor do céu.
Assim, elas se erguem lentamente,
dando início a um novo canto,
cada batida de asas
um hino à liberdade,
e na sua jornada silenciosa,
marcam a trilha do renascimento,
como flores que brotam
no seio da terra esperançosa.
As garças tristes se encolhem com frio,
mas guardam no peito a luz do dia,
tão longe na beira do rio,
onde a vida, com suas nuances,
continua a desenhar a história,
na delicada paleta do universo,
um ciclo eterno, sempre a recomeçar.