Poema

AS COMPORTAS NAO COMPORTAM

                                                                      Leny alves silva

Cercam o meu leito

Desviam os meus rumos.

Mudam a minha rota

Com uma coisa chamada:  Comporta.

Deixam-me  desnudo

Com pedras expostas.

E quando extravaso

As Comportas não comportam.

Desmatam as matas

Mudam minha nascente.

Deixam-me com apenas pedras

Sem  água corrente.

Deixem-me passar

Sou parte da Natureza.

Para toda humanidade

Sou Saúde. Sou Riqueza.

Abram as Comportas

E me deixem correr em paz.

As Comportas não Comportam

E feridas ficam para trás.

Deixem-me seguir

O meu leito é descente.

Quem me fez,  me fez perfeito

Os erros são coisas de gentes.

Como corrego, rio ou mar

Deus me fez todo certinho.

Para o homem é a natureza

Ele fez tudo direitinho

A revolta da natureza

É pelo que o homem faz.

Se o homem não se rebelasse

Séria todo só Paz.

A natureza dá sinal

De que perto está o fim.

Para os maus e para os bons

O Juízo de Deus é assim.

As Comportas se abrem sozinhas

E eu procuro o meu lugar.

O meu leito foi ocupado

Ainda assim  preciso passar.

Às  margens do rio São Francisco

 Passando por Norte de Minas,

O povo já vive em pânico

Com os alertas das Usinas.

E o mesmo se dá em tantos rios

As turbinas não aguentam.

Vou arrombando as Comportas

A daí nada se isenta.

Assim vou levando tudo

Procurando o meu lugar.

As Comportas não comportam

Mas, eu preciso passar.

Perdoe-me  natureza!

Sendo Oceania,  Rio ou Mar.

A ninguém queria ofender

Eu só queria passar!