Antigamente

Naquele dia, choveu intensamente, mas a gente queria escutá-la debaixo do calor da chaminé. Minha avó era uma mulher sábia e contava-nos histórias reais, e outras ela arrebatava da sua imaginação.

Éramos quatro crianças. Tínhamos na mente as brincadeiras como pula corda, esconde-esconde e outras que fugiu da memória. Mariana, minha irmã mais nova, segurava nos braços sua boneca de pano. Luizinho, tinha sete anos, era zangado,mas era o grude da vovó. Aninha,com sua mania de chupar o dedo, andava atrás da vovó como se fosse um soldado, agarrada em sua saia.

Todas as vezes que chovia, vovó vinha com suas histórias mirabolantes. Mas naquele dia, ela estava atarefada. Esperava ficar quente o ferro de passar.

Em cima da mesa, havia uma enorme trouxa de roupas para serem engomadas.

Ficamos esperando enquanto a lamparina quase apagando, tinha ainda um restinho de querosene. 

Finalmente ela largou tudo e veio com um ar de cansaço. Puxou a cadeira de balanço e arrumando os cabelos embranquecidos, perguntou-nos:

- Estão prontos para mais uma aventura?