Anoitecer belíssimo

| Antologia Bernadete Crecêncio Laurindo e convidados: Encontros e desencontros | Ireneu Bruno Jaeger
Publicado em 24 de Julho de 2024 ás 22h 13min

Muito anoitecer belo
lindíssimo
o poeta já vivenciou.
Contudo nenhum como aquele.
De dentro da aeronave
que esvoaçava
suave.
Vi o pôr do sol
donairoso
indo para Lisboa.
O astro rei
compunha o poema.
Ele escrevia num grande computador.
As nuvens de algodão
formavam o teclado.
Havia letras latinas e gregas.
Destacavam-se as notações léxicas.
Pontuação impressionante:
grandes ponos-de-interrogação
alguns virados como no espanhol
perguntando do além,
Amigos eu vi
e vivi.
O sol se demorou
gostoso
no horizonte infinito.
O curso do avião colaborava
indo na direção certa.
E o encanto dilatava o sonho.
A linha escarlate formava
um leito entre a espuma.
Sim eu percebi:
Era ELA no leito brancura
com um reflexo do sol
na face sorridente.
O astro puxava lentamente
um lençol de púrpura
com calma com gentileza
com amor.

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