Não nos bastamos em olhares,
Mas nos sabíamos antes do toque.
Na calma dos dias cúmplices,
Floresceu o verbo: partilhar.
Teus risos foram abrigo.
Minhas dores, confissões tuas.
No silêncio, não havia ausência —
Havia presença sem exigir.
Então, veio o arrepio.
Veio o tempo em que o corpo pediu
Aquilo que a alma já sabia:
Amar é também desejo consentido.
Fizemos do abraço uma oração,
Do beijo, uma celebração.
Tuas mãos — mapas do meu ser —
Liam-me como quem lê poesia sagrada.
E fomos além do romance.
Fomos irmandade de carne e alma,
Companheirismo que arde e consola,
Ritual que dança entre ternura e paixão.
O amor que vive entre nós
É mais que paixão que passa.
É amizade que transborda em toques,
É chama que não consome — aquece.
Porque amor perfeito, meu bem,
Não é o que nunca erra.
É o que perdoa, o que ri, o que goza
E depois adormece entre confidências.
É saber que, mesmo nus,
Continuamos sendo lar.