Alma sombria.

Ó alma sombria,
Porque descansa o teu
Cansaço dentro de mim?
Deixando me exalta,
No alto do silêncio
Misterioso da noite!
A minha alma, ainda
É uma infanta serena,
Que brinca em um jardim
Esboço de sonhos .

Desde os jardins da minha alma .
Até os confins dos céus.
Eu te vejo ó minha alma,
Em um vulto tão distante,
Com teus pés coroados de rosas,
E na cabeça uma coroa de diamante fino.
Mas eu ainda te sinto dentro de mim!

Despertar te ó alma sombria!
Na sombra da noite calada.
Acende te a tua lamparina
Para ir ao encontro do noivo
Que está próximo, que está brevê, que está brevê.

Porque então, dorme dentro de mim,
Um sono cheio de paz,
Em um pleno e rigoroso silêncio!
Ó minha alma sombria,
Amiga das coisas morridas!
Descansa em mim,
O teu cansaço!

Dorme tanto! Tenho medo!
De te acordar, e conhecer dentro de mim,
Um outro ser maravilhoso,
Ó minha alma sombria!
Porque descansa o teu cansaço dentro de mim?
E adormecendo em sussurros,
Na sombra da noite fria,
Quem há de te acordar?
Se já sou alma, apenas alma! 
Nada mais que alma!
E ouço os passos do grande rei!
Que está brevê! Que está brevê!