Água da chuva em tom tristonho
Ruidosa cai lá do alto
Como um desfeito e velho sonho
Que morre, com frio, no asfalto
Água do mar, intensa
Que, se uma gota lhe falta,
Menor se esvanece na praia imensa
Maior será sua maré alta
Água dos meus olhos que choram...
Lágrimas que secam em vão na minha face
Choro por não ter quem me abrace
E sigo mulheres que, por alguém, oram
Água, fonte da minha vida
Que me deste sempre guarida
Vem comigo molhar minha alma
Que espera tanto o estio da calma
Mas te digo eu: desesperar jamais
Sei que, das águas mais sujas
Cairá água limpa e capaz
Como granizo a quebrar os meus ais.