Agosto Rabiscado
Cordel | 2025 - Fátima Cordelista e Convidados - Versejar é preciso | Rose CorreiaPublicado em 26 de Agosto de 2025 ás 17h 20min
Sinopse:
“Agosto Rabiscado” é um cordel que transforma o céu, a terra e o fogo em poesia. Com cores, traços e rabiscos, o pintor do horizonte revela a beleza escondida mesmo em um mês seco, cinzento e empoeirado. Entre rios, flores e redemoinhos, o leitor é convidado a enxergar a arte que surge do acaso e da natureza, aprendendo que cada traço tem um propósito e que a esperança sempre encontra sua cor.
Agosto Rabiscado
Abertura
Meu amigo e minha amiga,
lhe convido a me escutar,
trago versos de agosto
que o céu veio desenhar,
com rabiscos tão ousados
que nos fazem se encantar.
É cordel de inspiração,
vem da poeira e do chão,
do cinza que o vento traz,
do fogo que deixa o traço,
mas também da esperança
que renasce em todo espaço.
Corpo
Vejo rabisco no céu
como folha de papel,
o artista foi ousado,
usou tons variados:
cinza, branco, azul, vermelho,
laranjado no pincel.
Pintou o belo horizonte
num cenário encantado,
é mês de agosto pesado,
não dá gosto olhar pro lado,
o que era verdejante
está todo enfumaçado.
Mas o pintor deixou traços,
tão bem desenhados,
há flores que ainda reinam
no agosto ressecado,
e as paisagens se tornam
opacas, empoeiradas.
Se olhar com atenção
e também com coração,
verás beleza escondida
no agosto empoeirado,
pois o pintor, com ousadia,
pinta rios em perfeição.
A natureza responde
em harmonia encantada,
num bioma diversificado
a vida é celebrada,
até mesmo o redemoinho
vira arte no caminho.
O pintor vem me dizer
que a arte pode nascer
num agosto acinzentado.
O vento sopra tão quente,
às vezes sufoca a gente
debaixo do telhado.
Agosto é assim diverso,
no céu deixa seu verso,
o pintor mostra visível
sua arte tão incrível,
mesmo em tempo desgastado
seu traço é mais que imerso.
O fogo deixa seu rastro,
doloroso e desenhado,
por onde passa destrói,
deixa o chão enlutado,
mas sendo a terra tão seca,
seu papel é revelado.
Agosto traz cinza e pó,
traz fumaça, dor e nó,
mas depois se despede,
abre cores em parede,
renovando a criação
com o dom que o pintor só.
Cada rabisco ensina
que a vida é divina,
tudo foi desenhado
num propósito sagrado.
Nas mãos do pintar lendário,
a esperança se destina.
Fecho / Despedida
E assim, amigo e amiga,
termino este cordel,
trazendo cores e poeira
do agosto que se fez céu.
Que nos rabiscos aprendamos
o valor do que é fiel.
Pois cada traço tem história,
cada cor guarda memória,
e o pintor do horizonte
ensina, com sua glória,
que mesmo em tempo sofrido
a arte vira vitória.
Rose Correia.