Aceita que dói menos

Poemas | Carlos Roberto Ribeiro
Publicado em 03 de Março de 2025 ás 16h 57min

Do batuque vem a força, do tambor vem a verdade,
Inteligência negra, brilho na comunidade.
Tu quer falar de quê? De castelos de ilusão?
Aqui é chão de Exu, de sangue e revolução.

 

Não é conto europeu, nem fábula embranquecida,
É Clementina de Jesus, é raiz fortalecida.
É Laíla nos enredos, é o grito do passado,
É escola de samba negra, nosso ouro entoado.

 

Do morro desce a história, da favela sobe o canto,
Cada ala uma memória, cada passo um acalanto.
Aqui se ergue um império sem coroa, sem grilhões,
Mas com reis e rainhas em seus próprios pavilhões.

 

A vitrine do Brasil? Foi o negro que bordou.
Cada nota, cada dança, nossa gente consagrou.
Aceita que dói menos, porque a dor já foi maior,
Mas na roda da justiça, gira forte o nosso axé,
E no brilho da avenida, a vitória há de ser.

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