Do batuque vem a força, do tambor vem a verdade,
Inteligência negra, brilho na comunidade.
Tu quer falar de quê? De castelos de ilusão?
Aqui é chão de Exu, de sangue e revolução.
Não é conto europeu, nem fábula embranquecida,
É Clementina de Jesus, é raiz fortalecida.
É Laíla nos enredos, é o grito do passado,
É escola de samba negra, nosso ouro entoado.
Do morro desce a história, da favela sobe o canto,
Cada ala uma memória, cada passo um acalanto.
Aqui se ergue um império sem coroa, sem grilhões,
Mas com reis e rainhas em seus próprios pavilhões.
A vitrine do Brasil? Foi o negro que bordou.
Cada nota, cada dança, nossa gente consagrou.
Aceita que dói menos, porque a dor já foi maior,
Mas na roda da justiça, gira forte o nosso axé,
E no brilho da avenida, a vitória há de ser.