Abismo das Horas

Poemas | Carlos Roberto Ribeiro
Publicado em 27 de Janeiro de 2025 ás 17h 24min

As horas escorrem, líquidas e cegas,
num rio que não conhece margens.
São vértebras partidas, memória vazia,
ecos de silêncios que devoram o ar.

 

A manhã, com sua lâmina cega,
não corta o véu que o tempo teceu.
É uma promessa morna,
um grito abafado no pulmão do instante.

 

E, no entanto, o abismo chama.
Não há pouso para asas feridas,
nem terra firme sob os pés febris,
apenas o convite da queda.

 

Mas ouço, no fundo do escuro,
um som que não é de fim, mas de início.
Talvez o abismo seja ventre,
e o salto, um voo que ainda não sei.
 

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