A alma tem hora de expandir
E hora de se encolher
A hora de despertar
E hora de se perder
Chegando a hora gris
Parece que não cabe em sí
É a hora da Ave Maria
Hora de expor sua cicatriz
Nestas horas da boca da noite
Ela chora e se inquieta, não cabe dentro do peito
Quer se embocar pelo mundo, fugir de todo açoite
Resmunga, geme e derrete
Destrava as comportas dos olhos
Desce rolando nas lágrimas
Jura, clama, suplica, transforma suas dores em prece
Tranca o peito , esquece de respirar
Parece nunca ter fim
São horas angustiosas, dá uma agonia de morte
Puxa o fôlego bem forte, não acha nem sul nem norte
Desnorteada busca um não sei o que
Abraça a lua e as estrelas, se enrosca nas prosas e nos versos
Buscando entender os porquês.
Soluça na ponta do lápis
Transmuta sua dor em poesias
Acalma, promete e derrete
Entorpece e vira abelha apis
Transforma seus gemidos em mel
Expõe seu ser intenso
Todinho, inteiro, nu, sem véu.
Por fim, extenuada, nos braços de Hipnos, adormece.
Comentários
Lindo poema, a alma conforta enquanto o corpo padece, mas na prece tudo comporta! Palmas e mais palmas.
Edson Bento da silva | 13/09/2022 ás 09:48 Responder ComentáriosUma alma que padece, mas procura sanar aquela angústia com a poesia e adormece num belo sonho de paz e luz!
ENOQUE GABRIEL | 13/09/2022 ás 19:15 Responder Comentários