A Vida em Três Atos

Prosa Poética | Carlos Roberto Ribeiro
Publicado em 16 de Março de 2025 ás 12h 59min

Cresci achando que era o protagonista da história. Eu, o centro do universo, a peça mais valiosa no tabuleiro da existência. Afinal, quem mais poderia ser? Meu nome está na certidão, minhas dores são as mais profundas, meus amores os mais intensos, e minhas vitórias, quando ocorrem, deviam ter trilha sonora.

 

Mas eis que a vida, essa roteirista sarcástica, me jogou na cara um roteiro alternativo. Descobri, tarde demais, que em muitas cenas eu era apenas coadjuvante. O amigo que dá conselhos, o ombro emprestado nos dramas alheios, o alívio cômico quando a tragédia pesa demais. Aprendi que, às vezes, os holofotes iluminam outros rostos, outras vozes, outras histórias que, para minha surpresa, também eram fascinantes.

 

E então, o golpe final: percebi que, em muitas outras ocasiões, sou apenas um figurante. Caminho pelas ruas do mundo como um vulto sem fala, apenas compondo o fundo da cena enquanto outros brilham. Sou o anônimo que segura a porta do elevador, o que atravessa a faixa de pedestres enquanto alguém vive seu grande momento. E quer saber? Tudo bem.

 

Porque a grande sacada da vida é essa: ninguém é protagonista o tempo todo. A gente revezando os papéis, transitando entre ser estrela, coadjuvante e figurante, entendendo que, no fim das contas, cada um tem sua cena inesquecível.

 

E se tiver sorte, talvez alguém se lembre de você nos créditos finais.

 

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