A SUPERAÇÃO DE UM MENINO POBRE

Eu fui um menino pobre

Necessidades passava

Comida em latão de lixo

No mercadão eu buscava

Junto com a minha irmã

Peixe, verdura, maçã

Pra casa a gente levava.

 

Morávamos na beirada

De um enorme buracão

Onde água suja escorria

Por ele eu andava então

Catando metais e vidros

À mãe, não dava ouvidos

Vendia e comprava pão.

 

Pra colher amendoim

Com a minha mãe eu ia

Saíamos de madrugada

Em caminhão de boia-fria

Eu quase não aguentava

Um tremendo sol queimava

Até o final do dia.

 

As vezes ia dormir

Com a barriga a roncar

Comida insuficiente

Não dava pra alimentar

Quando o pai trazia pão

De seu trabalho, então

Mamãe vinha me acordar.

 

Meu pai fazia hora extra

Mortadela, e pão ganhava

Porém, ele não comia

Pra casa sempre levava

Pra comer àquele pão

Com muita satisfação

Os filhos ele acordava.

 

Duas vezes na semana

Frete eu ia fazer

Puxar carrinhos de compra

E uns trocados receber

Das senhoras lá na feira

Era muita trabalheira

Pra uns trocadinhos ter.

 

Quando terminava a feira

Um dinheirinho eu juntava

E sempre embaixo das bancas

Frutas do chão eu pegava

Botava numa sacola

Rapidamente ia embora

E para casa levava.

 

Nenhum tipo de brinquedo

Meus pais podiam comprar

Por isso eu me virava

Pra brinquedos fabricar

Latas de leite em fileira

Era a minha brincadeira

Meus carrinhos pra puxar.

 

Revólver e espingarda

De madeira eu fazia

E empurrava pneu

Pela rua com alegria

De bang bang eu brincava

E figurinha jogava

E assim me divertia.

 

E no dia das crianças

Ou na véspera de natal

Distribuiam brinquedos

Eu achava bem legal

Minha mãe ia buscar

E trazia pra eu brincar

Era sensacional.

 

Centro Espírita toda sexta

Oferecia um sopão

Tinha que ficar na fila

Com uma senha na mão

A senha, mamãe buscava

Na sexta-feira eu levava

Pra fazer a refeição.

 

Eu sempre fui pra escola

Pois gostava de estudar

Caderno, lápis, borracha

Era difícil comprar

Mas, um programa decente

Para criança carente

Material ia dar.

 

Eu sempre tive esperança

Da minha vida melhorar

Mesmo com dificuldade

Nunca deixei de estudar

Os anos foram passando

Continuei estudando

E consegui me formar.     

 

E me tornei professor

Formado em Filosofia

Lecionava História

E também Geografia

Tempos depois me casei

As minhas filhas criei

A minha vida fluía.

 

Em uma Universidade

Pública, fui me concursar

Só tinha vinte e seis anos

Quando fui lecionar

No Ensino Superior

Faço tudo com amor

Vivo a me realizar.

 

Fiz especialização

E tempos depois mestrado

O primeiro livro escrevi

E depois fiz doutorado

Dentro da Academia

Construo meu dia a dia

Com competência e cuidado.

 

Poeta e compositor

Dois discos eu já gravei

E em bandas musicais

Por muito tempo toquei

O meu hobby é tocar

Escrever, poetizar

Muitos prêmios conquistei.

 

Além da graduação

Leciono no mestrado

Faço extensão e pesquisa

E apresento resultado

Escrevo livros e artigos

Conquisto grandes amigos

Sei que sou muito agitado.

 

Sou semeador de histórias

E com muita satisfação

Peço que não desanimem

E que não fraquejem não

Ajam com perseverança

Nunca percam a esperança

Que haverá superação.

 

 

 

Comentários

Que bela história de superação e esperança! Todos os jovens, em especial os carentes que cursam o segundo grau e possuem seus sonhos, deveriam ler este poema para entenderem o que é superação e ter esperança. Esperança esta que nunca deve perecer! Parabéns poeta!

Lorde Égamo | 11/03/2025 ás 18:47 Responder Comentários

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