A SUPERAÇÃO DE UM MENINO POBRE
Cordel | 2025 - MARÇO - Semeadores de histórias: Narrativas poéticas de esperança e superação | Josivaldo Constantino dos SantosPublicado em 10 de Março de 2025 ás 19h 26min
A SUPERAÇÃO DE UM MENINO POBRE
Eu fui um menino pobre
Necessidades passava
Comida em latão de lixo
No mercadão eu buscava
Junto com a minha irmã
Peixe, verdura, maçã
Pra casa a gente levava.
Morávamos na beirada
De um enorme buracão
Onde água suja escorria
Por ele eu andava então
Catando metais e vidros
À mãe, não dava ouvidos
Vendia e comprava pão.
Pra colher amendoim
Com a minha mãe eu ia
Saíamos de madrugada
Em caminhão de boia-fria
Eu quase não aguentava
Um tremendo sol queimava
Até o final do dia.
As vezes ia dormir
Com a barriga a roncar
Comida insuficiente
Não dava pra alimentar
Quando o pai trazia pão
De seu trabalho, então
Mamãe vinha me acordar.
Meu pai fazia hora extra
Mortadela, e pão ganhava
Porém, ele não comia
Pra casa sempre levava
Pra comer àquele pão
Com muita satisfação
Os filhos ele acordava.
Duas vezes na semana
Frete eu ia fazer
Puxar carrinhos de compra
E uns trocados receber
Das senhoras lá na feira
Era muita trabalheira
Pra uns trocadinhos ter.
Quando terminava a feira
Um dinheirinho eu juntava
E sempre embaixo das bancas
Frutas do chão eu pegava
Botava numa sacola
Rapidamente ia embora
E para casa levava.
Nenhum tipo de brinquedo
Meus pais podiam comprar
Por isso eu me virava
Pra brinquedos fabricar
Latas de leite em fileira
Era a minha brincadeira
Meus carrinhos pra puxar.
Revólver e espingarda
De madeira eu fazia
E empurrava pneu
Pela rua com alegria
De bang bang eu brincava
E figurinha jogava
E assim me divertia.
E no dia das crianças
Ou na véspera de natal
Distribuiam brinquedos
Eu achava bem legal
Minha mãe ia buscar
E trazia pra eu brincar
Era sensacional.
Centro Espírita toda sexta
Oferecia um sopão
Tinha que ficar na fila
Com uma senha na mão
A senha, mamãe buscava
Na sexta-feira eu levava
Pra fazer a refeição.
Eu sempre fui pra escola
Pois gostava de estudar
Caderno, lápis, borracha
Era difícil comprar
Mas, um programa decente
Para criança carente
Material ia dar.
Eu sempre tive esperança
Da minha vida melhorar
Mesmo com dificuldade
Nunca deixei de estudar
Os anos foram passando
Continuei estudando
E consegui me formar.
E me tornei professor
Formado em Filosofia
Lecionava História
E também Geografia
Tempos depois me casei
As minhas filhas criei
A minha vida fluía.
Em uma Universidade
Pública, fui me concursar
Só tinha vinte e seis anos
Quando fui lecionar
No Ensino Superior
Faço tudo com amor
Vivo a me realizar.
Fiz especialização
E tempos depois mestrado
O primeiro livro escrevi
E depois fiz doutorado
Dentro da Academia
Construo meu dia a dia
Com competência e cuidado.
Poeta e compositor
Dois discos eu já gravei
E em bandas musicais
Por muito tempo toquei
O meu hobby é tocar
Escrever, poetizar
Muitos prêmios conquistei.
Além da graduação
Leciono no mestrado
Faço extensão e pesquisa
E apresento resultado
Escrevo livros e artigos
Conquisto grandes amigos
Sei que sou muito agitado.
Sou semeador de histórias
E com muita satisfação
Peço que não desanimem
E que não fraquejem não
Ajam com perseverança
Nunca percam a esperança
Que haverá superação.
Comentários
Que bela história de superação e esperança! Todos os jovens, em especial os carentes que cursam o segundo grau e possuem seus sonhos, deveriam ler este poema para entenderem o que é superação e ter esperança. Esperança esta que nunca deve perecer! Parabéns poeta!
Lorde Égamo | 11/03/2025 ás 18:47 Responder Comentários