A Pitangueira Sabia

Poemas | Rose Correia
Publicado em 24 de Dezembro de 2025 ás 13h 51min

Sinopse:

Uma travessia silenciosa entre o desencontro e o retorno. Perdida de si, a voz poética caminha no escuro até que a natureza, em seu gesto mais simples, revela o caminho de volta. Nem tudo que encontra faz ruído — algumas verdades apenas sopram.

 

A Pitangueira Sabia

 

Perdi-me.

De mim.

Caminhei sem rumo

na escuridão de um silêncio que gritava,

enquanto a chuva molhava meus óculos

e tornava o mundo ainda mais turvo.

O vento atravessava meus cabelos,

tocava minha pele,

lembrava-me, em sussurro,

que era preciso voltar.

Mas eu ainda estava perdida.

Meus passos —

lentos, quase inexistentes.

Meus sentidos —

adormecidos.

Nada sentia.

Nada ouvia.

Até que, de repente,

o vento soprou um pouco mais fundo

e fez dançar os galhos da pitangueira.

Os pássaros romperam o ar,

passaram perto de mim,

e algo em meus olhos despertou.

Vi as flores.

As borboletas, em sintonia.

O sol, então, ousou voltar.

E naquele instante simples e inteiro,

eu me encontrei.

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