Sinopse:
Uma travessia silenciosa entre o desencontro e o retorno. Perdida de si, a voz poética caminha no escuro até que a natureza, em seu gesto mais simples, revela o caminho de volta. Nem tudo que encontra faz ruído — algumas verdades apenas sopram.
A Pitangueira Sabia
Perdi-me.
De mim.
Caminhei sem rumo
na escuridão de um silêncio que gritava,
enquanto a chuva molhava meus óculos
e tornava o mundo ainda mais turvo.
O vento atravessava meus cabelos,
tocava minha pele,
lembrava-me, em sussurro,
que era preciso voltar.
Mas eu ainda estava perdida.
Meus passos —
lentos, quase inexistentes.
Meus sentidos —
adormecidos.
Nada sentia.
Nada ouvia.
Até que, de repente,
o vento soprou um pouco mais fundo
e fez dançar os galhos da pitangueira.
Os pássaros romperam o ar,
passaram perto de mim,
e algo em meus olhos despertou.
Vi as flores.
As borboletas, em sintonia.
O sol, então, ousou voltar.
E naquele instante simples e inteiro,
eu me encontrei.