A música
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 23 de Dezembro de 2025 ás 14h 57min
A música ouvida,
não de um instrumento terreno,
nem de garganta humana.
Vinha, sussurro distante,
de além da escuridão,
um ponto brilhante,
talvez uma estrela,
talvez um planeta desconhecido,
cantando a sua solidão.
O som,
líquido e etéreo,
infiltrou-se na pele,
escorreu pelos ossos,
dançou na medula.
Era hipnotizante,
não no sentido de comando,
mas de rendição,
uma entrega gentil
ao vasto desconhecido.
Cada nota,
uma cor nova,
um sentimento nunca sentido,
uma memória roubada
de vidas não vividas.
As constelações conspiravam,
os planetas alinhavam-se,
o universo respirava,
em sintonia com aquela canção.
E eu,
pequeno grão de poeira,
perdido na imensidão,
encontrei, por um instante,
meu lugar.