A menina de olhos negros. 

Quem é a menina de olhos negros,
Que chora por detrás, dos cabelos enevoados da noite?
Que tem o rosto voltado para um espelho,
E o reflexo é apenas a tua alma.
Quem é ela?

E longe… quase em silêncio, alguém desconhecido me responde, com uma voz tão mansa, tão meiga…
É a tua alma! Mais ao longe, quase numa constelação celestial vejo a menina, tricotando os caminhos que os pássaros bordam no céu, e longe quase na infância…
Sinto um silêncio musical, que desce da brisa tecendo o verde em contraste outonal, que vai levando a minha vida, por um rio celestial, a sonhar, e a sonhar. 
É longe quase na infância….

Então menina, vá aonde os sonhos não vão… aonde ninguém imaginou ir.
Vá… a colher flores por um jardim celestial, por este cosmo.
Flores que os olhos humanos nunca viram,
Ó menina dos olhos negros!
Que chora por detrás das noites sem luar.
Das noites te tecem a escuridão em tuas mãos.
Vá depressa…

Ninguém sabe ao certo quem é está menina, de olhos negros, que chora longe…
Que tem o teu rosto perdido. 
E voltado para um espelho, 
Tecendo o reflexo da tua alma, 
Que está banhada em lágrimas noturnas.
Tão longe, tão opaca, tão medonha…
Nos anseios da infância da minha alma. 
Quem é ela?

ROSY NEVES