A Máscara da Etiqueta
Prosa Poética | Carlos OnkowePublicado em 08 de Novembro de 2025 ás 13h 12min
Confundem elegância com submissão.
Chamam de boa educação o ato de esconder a própria verdade.
E toda vez que o ser é podado em nome da aparência, morre um pouco da autenticidade que o torna humano.
Etiqueta é verniz da domesticação.
Molda o gesto, o olhar e o silêncio.
Ensinaram-nos a medir palavras, a sorrir no tempo certo, a conter o corpo e disfarçar o instinto.
Mas nunca disseram que esse controle é o cárcere da alma.
Sob o nome de boas maneiras, impõem-se fronteiras invisíveis.
Classificam-se afetos, hierarquizam-se presenças, determina-se quem pode ser ouvido e quem deve permanecer calado.
Etiqueta é uma construção social destinada a estabelecer fronteiras simbólicas e a definir, de forma sutil, o lugar que cada indivíduo deve ocupar dentro de uma hierarquia invisível.
Sob o disfarce da boa educação, ela atua como um código de controle comportamental, um mecanismo que separa, distingue e reafirma privilégios.
Em essência, é uma convenção artificial que perpetua desigualdades e domestica a espontaneidade humana.
Quando desmascarada, revela-se como aquilo que realmente é: uma sofisticação da hipocrisia social.
A etiqueta não nasce da ética, mas do medo da diferença.
Enquanto a ética floresce no encontro entre consciências, a etiqueta sustenta-se na coreografia da conveniência.
E toda vez que a espontaneidade ameaça emergir, ela é coberta por boas maneiras.
Assim seguimos, educados e engessados, confundindo civilidade com submissão.
Despir-se da etiqueta é mais que um gesto de rebeldia.
É um ato de libertação.
É recuperar o corpo da alma, a fala do silêncio, o gesto da essência.
Porque a verdadeira elegância está em ser inteiro,
e não em parecer aceitável.
@carlos_onkowe
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Comentários
Uma reflexão filosófica profunda!
Lorde Égamo | 08/11/2025 ás 14:28 Responder Comentários