A MADRASTA
Contos | 2023/1 - Antologia Encantos Poéticos | Literatura JCPublicado em 22 de Novembro de 2022 ás 07h 36min
A MADRASTA
São 05:00h de manhã. Milhares de crianças ainda estão a dormir. O Carlos pega a vassoura e varre o quintal.
--- Seu preguiçoso, ate hoje não sabes varrer.--- zangava a madrasta.
Mesmo sonolento, o Carlos continuava trabalhando de tronco nu em pleno frio de Junho. Ele pede desculpas a madrasta, a quem o pai o obrigou a chama-la de mãe, e mente que a dificuldade deve-se ao mau fabrico da vassoura , como forma de proteger a pele dos maus tratos e garantir o a próxima refeição. Os filhos da madrasta, que eram quase da mesma com o Carlos, continuavam a dormir.
Depois da limpeza, o Carlos foi dado mais tarefas apesar da madrasta saber que já era o tempo do enteado estar na salas de aulas. Apesar de ser muito inteligente, a professora sempre se queixava do Carlos devido aos atrasos nos primeiros tempos e andar muito sujo. Solicitada como encarregada de educação, a madrasta dizia a professora que o Carlos era muito malandro e muito preguiçoso pois saia de casa muito cedo mas brincava muito pelo caminho. O Carlos, quão educado era, não desmentia as palavras da madrasta.
Os anos passaram mas nada mudou em casa. O pai, cegado pela paixão e pelo poder da magia negra, nunca quis saber a verdade sobre o sofrimento do filho e a mulher o dizia um monte de mentiras quando ele voltava do serviço . Certo dia , o Carlos foi expulso de casa pelos ambos acusado de ter roubado muito dinheiro. Carlos mostrou ser inocente mas nenhum dos dois a creditava nele mas os vizinhos sabiam muito que o dinheiro foi investido na construção duma casa da família da mulher e limitaram-se em apenas acompanhar o caso paciificamente.
Muitos anos passaram. A madrasta ficou muito doente e foi de imediato internada no hospital. Passou alguns dias em coma. Quando recuperou os sentidos, ficou muito surpresa em saber que o médico que a atendeu com muito amor e carinho foi o próprio enteado que estudou graças ao sacrifício e a caridade. Para sua maior vergonha e tristeza , nenhum dos seus três filhos se formou e apesar da idade continuavam a viver com ela, vencidos pelas drogas e álcool.
Literatura JC, 15.12.2018