À Luz dos Fios Invisíveis

Crônicas | Antologia Dolores Flor e convidados: tecendo vidas | Matile Facó
Publicado em 20 de Janeiro de 2024 ás 17h 12min

Na penumbra do tempo, entre suspiros e entrelaçamentos, as vidas se tecem como fios invisíveis, formando a tapeçaria complexa do existir. Sob o olhar atento da noite, somos todos artesãos inadvertidos, entrelaçando experiências, sonhos e desventuras.

Cada um de nós, como hábeis tecelões, carrega consigo o novelo da própria existência. Os fios, uns dourados de alegria, outros sombrios de tristeza, encontram-se e se separam num balé constante. É uma dança cósmica, onde os destinos se cruzam e se afastam, formando padrões imprevisíveis.

As agulhas do tempo costuram nossas jornadas, criando tramas que se desdobram em capítulos inesperados. Às vezes, nos perdemos nas dobras do tecido, enfrentando nós e obstáculos que desafiam nossa resistência. Outras vezes, descobrimos padrões de beleza que só se revelam quando olhamos de longe.

Neste vasto tear da vida, os encontros são como pontos de luz, iluminando a escuridão com laços afetivos. Amores, amizades e conexões são fios que fortalecem a trama, criando uma tapeçaria rica em cores e texturas. São os momentos compartilhados que dão forma e significado à nossa existência.

No entanto, assim como os fios se cruzam, também se desfazem. Despedidas são como cortes na trama, deixando lacunas que ecoam silenciosamente. Mas mesmo nessas brechas, a promessa de novos entrelaçamentos se revela, pois o tear da vida é infindável, e novos fios estão sempre à espera.

À medida que avançamos, percebemos que somos todos parte dessa tapeçaria coletiva, conectados por fios sutis que transcendem o tempo e o espaço. Cada experiência, cada escolha, é como um movimento cuidadoso da agulha, acrescentando detalhes únicos à obra em constante evolução.

E assim, à luz dos fios invisíveis, tecemos nossas vidas, compartilhando a dança eterna do existir. Cada trama, por mais intricada que seja, contribui para a riqueza do todo. Nas mãos dos artesãos do tempo, somos todos criadores e criaturas, bordando a história que se desenrola à medida que avançamos, ininterruptos, pela vastidão do tear da vida.

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