A JOVEM E A MENINA

Crônicas | Só para elas | Bernadete Crecencio Laurindo
Publicado em 15 de Junho de 2023 ás 18h 46min

A JOVEM E A MENINA

 

E elas se encontraram.

Conheceram-se numa tarde de janeiro. Tarde chuvosa, de um janeiro longínquo.

Encontro singular, aquele.

A jovem chegava de uma viagem longa, de longes terras. Não vinha desprovida e nem sozinha; trazia projetos, sonhos e perguntas. Bagagem lotada de expectativas e futuro, que partilhava com o que tinha de mais belo e precioso – a família, que a acompanhava.

A menina era ainda uma criança, tinha doze anos, e surpreendeu a jovem. Assustou-a, também.

Carinha suja de pó e barro, malcheirosa de fumaça, menina travessa, montada em bicicletas, tantas e tão ligeiras... Pressurosas, atrapalhavam-se por entre os atoleiros ou eram sufocadas pela poeira e pela fumaça.

Como a jovem, a menina era cheia de projetos.

Por sobre roças e clareiras na mata, seus olhos fitavam o horizonte. Para a menina, o presente era trampolim, onde ela brincava sério, preparando seu arremesso para acertar o adiante, o bem adiante.

Surpresa da jovem, de sua família e de todos os que ali estavam, o adiante surgiu bem mais logo do que se vislumbrava no horizonte. Suas bicicletas deixaram-se substituir por meios de transporte mais velozes e confortáveis; os atoleiros sumiram sob o cheiro do asfalto, e suas casas de madeira deram lugar a prédios.

A Avenida dos Mognos, lépida e faceira, nas suas bicicletas, com o seu comércio festivo e cheio de novidades vindas “da cidade” (São Paulo, Goiânia), viu mudarem o seu nome; mas ela não mudou sua identidade...

Como a menina, ela trocou de roupagem, limpou-se do barro, expulsou os atoleiros, reformou-se inteira. Sua identidade, não. É a “Avenida Principal”, a mais querida pelos que conheceram a menina com sua Avenida dos Mognos.

O horizonte perscrutado pela menina e a jovem foi alcançado, e abriu visão para novos horizontes e caminhos à frente.

A menina que não é mais menina e a jovem que não é mais jovem continuam a preservar a empatia, a amizade, e a partilhar sonhos e planos.

A criança de doze anos, encalorada, suarenta e empoeirada cresceu, metamorfoseou-se e se aformoseou, ainda mais faceira, sonhadora e diligente - Sinop!

Maravilhosa Sinop, Terra querida, que a jovem a conheceu ainda criança, menina fagueira!

Feliz Sinop!

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