Sou poeta principiante, amador e sonhador.
Não sou um fingidor!
Quando escrevo me liberto.
Liberto-me de calabouços internos que me são tão caros.
E assim, ao escrever, vou cosendo, calmamente minha colcha de retalhos.
As letras buscam umas às outras, unem-se e criam palavras.
As palavras, por sua vez, conectam-se a outras e outras em um emaranhado de fios de vida que vão tecendo toda sorte de maravilhas.
Palavras têm vida própria, são altivas, vivas, independentes e tiranas.
São capazes de subjugar canetas, lápis, mentes, computadores e pensamentos, manipulando-os com lascívia e astúcia.
Arquitetam sonhos prosaicos, colorem desejos
Despertam sentimentos e bordam emoções
Palavras são livres e libertadoras
Percorrem mansa e deliberadamente papéis, ouvidos e bocas incautos e racionais
Esmiúçam espaços, contornos e dimensões inimagináveis
Palavras podem dominar
Afligir
Apagar
Ferir
Alegrar
Divertir
Aclarar
Encantar
Aprisionar
Libertar
Misturam-se bem-vindas
Bem ditas
Mal ditas
Malditas
Quaisquer sejam suas atribuições
Como dos rios, as correntezas
Deixam visível uma certeza
Uma vez proferidas, levam consigo uma responsabilidade
Espalham ideias, pensamentos, um oceano de subjetividade
Ao regressarem de sua viagem épica
Trazem de volta ressignificados
Jamais retornam ilesas
Tampouco indefesas
Seja gentil com as palavras! Todas elas!
Livro: A sombra dos cinamomos