A Flor do Meu Jardim

No meu jardim, um dia, desabrochou uma flor de rara beleza. Durante muito tempo, pensei tê-la perdido. A ausência de suas cores, de seu perfume discreto e da sua presença silenciosa fez com que eu acreditasse que ela jamais retornaria. Por isso, quando a vi novamente, erguendo-se com delicadeza entre as folhas, quase não acreditei. Era como se uma parte de mim, que julgava esquecida, despertasse junto com ela.

Meus olhos, então, brilharam intensamente, como estrelas que cintilam numa noite enluarada, dessas que nos fazem contemplar o céu por horas, perdendo-nos na imensidão do horizonte. Senti meu coração pulsar com força, com liberdade, como um pássaro que, após anos enclausurado, encontra finalmente a abertura da gaiola e se lança ao voo, sem medo.

Percebi, então, que aquela flor nunca havia desaparecido por completo. Ela apenas repousava, adormecida num sono profundo, à espera do momento certo para renascer. E agora, com a força da vida que insiste em seguir adiante, ela despertava, renovada, pronta para ser admirada novamente.

O meu jardim, antes silente, agora se preenchia de alegria e contentamento. Não consigo, nem quero, cansar-me de contemplar essa beleza silenciosa que ressurge diante de mim, discreta, mas intensa. A flor que pensei perdida, enfim, renasceu — e, com ela, algo em mim também floresceu.

Prosa de Lírico.

Rose Correia.