No recanto onde a brisa se desfez,
ergue-se a lembrança em véu contido;
é teu perfume, sutil, que uma vez
ficou no tempo, suspenso, esquecido.
A alma, em silêncio, curva-se ao cansaço,
pois cada suspiro revela um desejo.
E ao tentar conter-te no compasso,
a lágrima desce — sem beijo, sem ensejo.
Os olhos já não guardam a firmeza,
há um brilho no olhar que não mente.
Foste promessa envolta em beleza,
mas jamais flor no jardim presente.
Por entre sombras, guardo o que és —
não como posse, mas como segredo.
E assim prossigo, sem rastro nos pés,
carregando um sentir que me toma em degredo.