A Dança das Sombras

Crônicas | 2023/6 Antologia As sombras da escuridão | Matile Facó
Publicado em 20 de Janeiro de 2024 ás 16h 57min

Era uma noite onde as sombras, como bailarinas secretas, deslizavam pelos cantos do universo, revelando histórias que só a escuridão poderia contar. O céu, um vasto palco estrelado, era o cenário perfeito para a dança silenciosa das sombras da escuridão.

Nos becos da cidade, entre luzes fracas e postes vacilantes, as sombras encontravam refúgio. Elas se estendiam pelas paredes como espectros de memórias esquecidas, testemunhas silenciosas da vida noturna. A escuridão era o pano de fundo onde cada detalhe se dissolvia, e as sombras desenhavam narrativas invisíveis.

Nesse espetáculo noturno, as sombras eram mais do que ausência de luz; eram personagens que ganhavam vida própria. Nos raios da lua, tornavam-se contornos misteriosos, dançando uma coreografia cósmica que só os olhos atentos poderiam perceber.

Ao observar o jogo de sombras, era possível sentir o peso das histórias que elas carregavam. Nos parques silenciosos, as árvores projetavam sombras que evocavam memórias de amores secretos e encontros furtivos. Cada passo nas vielas escuras era uma caminhada pelos corredores do passado, onde as sombras sussurravam segredos ocultos.

Mas as sombras da escuridão não eram apenas guardiãs de mistérios antigos; eram também aliadas da imaginação. Nas mentes inquietas, as sombras transformavam-se em criaturas fantásticas, em portais para mundos desconhecidos. A noite era o palco onde a realidade se misturava com a fantasia, e as sombras eram as artífices dessa encruzilhada.

Havia algo de íntimo nas sombras, uma cumplicidade com aqueles que se aventuravam na escuridão. Nas janelas mal iluminadas, as sombras dos ocupantes contavam histórias de solidão ou celebração, dependendo do espectro emocional que habitava aquele lar noturno.

E assim, a noite seguia seu curso, com as sombras da escuridão como testemunhas silenciosas. Elas dançavam nos muros, atravessavam as ruas desertas e moldavam a paisagem noturna. Era como se, na penumbra, o mundo revelasse sua face mais autêntica, e as sombras desempenhassem o papel de narradoras de uma história única e inesquecível.

Cada rua, cada esquina, cada recanto iluminado pela luz da lua era uma página em branco onde as sombras inscreviam suas histórias efêmeras. E assim, sob o manto da escuridão, a dança das sombras continuava, eternizando instantes fugazes e transformando a noite em um espetáculo atemporal.

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