A CRUZ FOI TESTEMUNHA

Se aquela cruz falasse, em sussurros ou em brados,

Narraria o peso do mundo, de pecados carregados.

Não apenas madeira, mas testemunha silenciosa,

Da paixão mais pura, dolorosa e amorosa.

Contaria das lágrimas do céu, que na terra caíram,

Quando pregos e martelos, o amor ali definiram.

Das mãos que curaram, agora feridas e estendidas,

Oferecendo salvação, nas suas dores consumidas.

Falaria daquele olhar e do perdão entre as agonias,

“Pai, por que me abandonaste?” entre as preces aos quatro cantos ecoaria.

E do véu rasgado, do chão que tremeu,

Da esperança que na morte, paradoxalmente nasceu.

Se aquela cruz falasse, diria dos que choravam,

Da mãe que sofria, dos amigos que ali estavam.

Mas também dos corações, por esse gesto transformados,

Da graça infinita, aos perdidos e achados.

Narraria do sepulcro, que não pôde conter,

A vida que nele se fez renascer.    

Da pedra removida, do vazio que proclamou,

O triunfo do amor, que a morte derrotou.

Se aquela cruz falasse, não só de dor falaria,

Mas de amor, de esperança, de uma nova alegria.

Da cruz que nos fala, sem palavras, até hoje,

Do caminho que se abre, onde a luz nos convoca e acolhe.

Que sejamos ouvidos atentos, à história que não se cala,

Da cruz que fala de amor, e em seu silêncio, o maior exemplo revela.

Um convite à reflexão, à uma transformação profunda e pura

Na cruz que reflete vida, mesmo na hora mais escura.