A Certeza e a Dúvida: Um Diálogo em Movimento
Poemas | Carlos Roberto RibeiroPublicado em 26 de Abril de 2025 ás 16h 30min
CERTEZA
Eu sou o alicerce, o chão firme,
sou resposta, sou fim de caminho.
Sem mim, o mundo despenca,
vira caos, nau sem destino.
DÚVIDA
Mas quem te disse que o chão é fixo?
E se for mar o que parece terra?
Eu sou o vento que instiga a vela,
sou pergunta que nunca encerra.
CERTEZA
Eu sou o livro fechado, completo,
sou sentença sem interrogação.
Comigo se anda sem tropeço,
comigo não há confusão.
DÚVIDA
Mas quem caminha sem tropeços
não descobre as pedras raras.
Sou o traço que muda o mapa,
sou curva nas linhas retas e claras.
CERTEZA
Eu dou segurança ao passo,
sou escudo contra o temor.
A dúvida enfraquece o gesto,
faz o sonhador perder o ardor.
DÚVIDA
Mas é no vacilo do gesto
que nasce a dança imprevista.
Sou semente na fenda do muro,
sou arte que rasga a pista.
CERTEZA
Sem mim, nada se consolida.
A história exige firmeza.
Erguer um mundo exige prumo,
não se faz com incerteza.
DÚVIDA
Mas é a dúvida que esculpe o tempo,
é ela que fura a rigidez da pedra.
Tu és estática, eu sou mutável
a vida é o que se quebra e se medra.
CERTEZA
Então, o que és tu, senão tormento?
Um eco vazio, sem direção?
DÚVIDA
Sou sopro, sou ritmo, sou movimento
sou o motor da transformação.