A Certeza da Impermanência

Prosa Poética | Carlos Roberto Ribeiro
Publicado em 15 de Outubro de 2024 ás 11h 34min

As pessoas, por natureza, são rios em movimento, correntes de emoções que se esparramam e se retraem, dançando ao som de vontades que se desmancham e se renovam. Hoje, o amor ecoa com a força de um juramento eterno, mas amanhã... ah, amanhã, com o mesmo fervor, pode se dissipar como o vento que não se prende a lugar algum.

 

Somos marés. As relações, fluídas como a água, contêm em si a incerteza de cada onda. O "para sempre", como uma névoa ao amanhecer, é desfeito pela luz da complexidade dos sentimentos que se moldam, mudam, evoluem. A eternidade, talvez, não passe de um sussurro esquecido no deserto do tempo.

 

No fundo, a única certeza que abraçamos é a incerteza. Nada é fixo, nada é pedra, pois cada um segue sua própria estrada, com pés descalços em busca de si mesmo. Somos viajantes de alma, descobridores de novas paisagens internas, e o "para sempre" escorrega entre os dedos, deixando apenas o agora.

 

A vida, em sua dança imprevisível, nos convida a amar sem correntes, a viver sem mapas. A impermanência é o que dá cor ao instante, o que faz do presente um palco onde tudo é possível, onde nada é garantido. E nesse jogo de incertezas, descobrimos que a beleza está justamente em não saber. Em viver o hoje com toda a sua potência, sem as ilusões do amanhã.

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