A casa da minha infância !

Poemas | Jorge Cassepp
Publicado em 20 de Setembro de 2022 ás 09h 59min

A casa da minha infância !

 

Como eu gostaria de voltar abrir a

porta da casa de minha infância,

com aquela maçaneta rude de

uma madeira que ultrapassou gerações,

e olhar naquele interior

que guarda minhas lembranças

de uma vida de infância,

que jamais esqueci

e são vivas nas lágrimas

das minhas saudades ...

 

Construída em uma rua de paralelepípedos,

com seus meios-fios bem alinhados,

de tijolos maciços, paredes salpicadas

pintada em branco, com suas

venezianas exuberantes verdes,

e seu muro de um metro

deixando a paz, liberdade

e felicidade adentrar

 fazendo morada.

  

Aquele assoalho de madeira robusta e bem-posto,

pintado a cera quente e lustrado

com retalhos de panos de lã,

ao caminhar   de meias

 brincávamos de escorregador

de tão lustrados.

 

Cristaleira e mobília de madeira nobre 

Imponente, com suas cobertas de louças

refinadas de porcelana Schmit,

e também de vidros sem marcas

compradas na venda, e o relógio

com seu tic tac marcante.

 

Na parte fechada com suas portas talhadas,

puxadores exuberantes, que guardávamos

o resto da louça e algumas

canecas feitas de latas de azeite,

para tomar café preto

no coador de saco

e bule de alumínio.

 

Aquela cozinha com dois ambientes com

mesa de jantar de seis lugares, que

só cinco ocupava,

e um sofá esverdeado de três lugares...

 

Uma televisão Admiral com seu

Transformador/regulador de energia,

e um fogão a gás de quatro bocas,

e no outro canto da parede um

de lenha que ouvia tiritar do fogo queimando,

com suas panelas de ferro

cozinhando: feijão, arroz, carne grossa de segunda,

uma forma de pão ao forno,

e sempre uma chaleira quente

para o chimarrão.

 

No inverno improvisava ao fogão

um estendedor de roupa,

e sapatos secando aos seus pés...

 

No verão com seu calor escaldante,

dormíamos com seus braços abertos

de suas venezianas aprendidas

com suas carrancas/soldadinhos

para que o vento minuano

não fechassem ao entrar

em seu domínio...  

 

Em seu corredor que marcava

entrada de seus quartos e sala,

brincávamos de gol a gol,

lutávamos improvisando batalhas

de travesseiros que batiam nas

paredes quando o oponente

não era abatido...

 

No quarto dos três piás na parede

não tinha enfeites, não era coisa do

nosso tempo, acolchoados pesados

para o inverno, guardado em um armário

feito no canto da parede ...

 

Tinha um quarto rosa

todo enfeitado e uma cama,

penteadeira para guardar

os badulaques, e um espelho

para arrumar os laços dos

cachinhos da menina só.

 

No quarto do casal uma cama,

que com tempo o caçula e a

menina revessavam dormindo

com sua mãe em suas noites só...

 

A sala na frente da casa

não era usada, mas esperávamos

o Natal para enfeita-la com um pinheiro

enorme e presépio ao seus

pés, com direito toda a história

do nascimento do menino Jesus,

montávamos sempre com a família reunida

e sua mãe arquitetando  

sua construção para o Natal

a esperar.

 

Na páscoa no sofá os cestos

a esperar a chagada do coelhinho, com

as marcas dos seus pezinhos feito

com farinha em todo o lugar,

e um copo de leite com

cenoura a lhe esperar,

para ensinar que fé e ressureição

é uma esperança que

não pode findar...

 

No sótão eram guardadas coisas de

um passado que não alcançávamos,

e sua portinha aberta lá estava

uma bicicletinha do irmão mais velho

que ninguém pegava só olhava.

 

 

Aquele pátio que guardava

um galinheiro e uma casinha

com seu cachorro,

um pé de abacate, butiazeiro, limoeiro

um bananal, horta plantada

e no seu fundo uma sanga que

desaguava em todas casas.

 

Na garagem dois tanques de roupa,

onde no inverno sua mãe lavava 

roupas com suas mãos encarangadas...

churrasqueira e o chão cimentado

onde jogávamos água com sabão

para brincar de escorregar.

 

A casa da minha infância

que não sai da minha lembrança

onde tudo podia e acontecia,

tinha criança correndo nas calçadas,

na rua jogávamos bola, pega-pega,

amarelinha, estatua e de tardezinha

o chimarrão com os vizinhos.

 

Hoje é a casa que guardo em meus

sonhos, que ainda vejo aquele menino correndo

pela vizinhança fazendo travessuras

 procurando um amiguinho para brincar...

 

Abro meus olhos vejo um homem

adulto barba branca, vizinhos com novas caras de

um tempo mais à frente que não reconheço,

alguns já partiram para não voltar mais

e uma rua vazia sem aquelas

crianças que lá estavam ...

 

 Foi aí que acordei desse sonhar

da casa da minha infância,

amigos que alguns

já se foram para não mais encontrar,

outros estão por este mundo

como eu que não moro mais lá!

 

Hoje ainda guardo um caderno encapado

com papel de pão verde e um

papagaio colado pelas mãos de minha mãe,

e no seu interior desenhos de saudades que

ainda são lembranças vivas

neste adulto com saudade

da criança na casa de minha infância!.

 

 

Saudades, saudades ...!

 

 

Amo e Basta !

Jorge Cassepp  

 

 

 

Comentários

Uma história muito bonita e comovente!

Enoque Gabriel | 20/09/2022 ás 19:00 Responder Comentários
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