A casa da minha infância !
Como eu gostaria de voltar abrir a
porta da casa de minha infância,
com aquela maçaneta rude de
uma madeira que ultrapassou gerações,
e olhar naquele interior
que guarda minhas lembranças
de uma vida de infância,
que jamais esqueci
e são vivas nas lágrimas
das minhas saudades ...
Construída em uma rua de paralelepípedos,
com seus meios-fios bem alinhados,
de tijolos maciços, paredes salpicadas
pintada em branco, com suas
venezianas exuberantes verdes,
e seu muro de um metro
deixando a paz, liberdade
e felicidade adentrar
fazendo morada.
Aquele assoalho de madeira robusta e bem-posto,
pintado a cera quente e lustrado
com retalhos de panos de lã,
ao caminhar de meias
brincávamos de escorregador
de tão lustrados.
Cristaleira e mobília de madeira nobre
Imponente, com suas cobertas de louças
refinadas de porcelana Schmit,
e também de vidros sem marcas
compradas na venda, e o relógio
com seu tic tac marcante.
Na parte fechada com suas portas talhadas,
puxadores exuberantes, que guardávamos
o resto da louça e algumas
canecas feitas de latas de azeite,
para tomar café preto
no coador de saco
e bule de alumínio.
Aquela cozinha com dois ambientes com
mesa de jantar de seis lugares, que
só cinco ocupava,
e um sofá esverdeado de três lugares...
Uma televisão Admiral com seu
Transformador/regulador de energia,
e um fogão a gás de quatro bocas,
e no outro canto da parede um
de lenha que ouvia tiritar do fogo queimando,
com suas panelas de ferro
cozinhando: feijão, arroz, carne grossa de segunda,
uma forma de pão ao forno,
e sempre uma chaleira quente
para o chimarrão.
No inverno improvisava ao fogão
um estendedor de roupa,
e sapatos secando aos seus pés...
No verão com seu calor escaldante,
dormíamos com seus braços abertos
de suas venezianas aprendidas
com suas carrancas/soldadinhos
para que o vento minuano
não fechassem ao entrar
em seu domínio...
Em seu corredor que marcava
entrada de seus quartos e sala,
brincávamos de gol a gol,
lutávamos improvisando batalhas
de travesseiros que batiam nas
paredes quando o oponente
não era abatido...
No quarto dos três piás na parede
não tinha enfeites, não era coisa do
nosso tempo, acolchoados pesados
para o inverno, guardado em um armário
feito no canto da parede ...
Tinha um quarto rosa
todo enfeitado e uma cama,
penteadeira para guardar
os badulaques, e um espelho
para arrumar os laços dos
cachinhos da menina só.
No quarto do casal uma cama,
que com tempo o caçula e a
menina revessavam dormindo
com sua mãe em suas noites só...
A sala na frente da casa
não era usada, mas esperávamos
o Natal para enfeita-la com um pinheiro
enorme e presépio ao seus
pés, com direito toda a história
do nascimento do menino Jesus,
montávamos sempre com a família reunida
e sua mãe arquitetando
sua construção para o Natal
a esperar.
Na páscoa no sofá os cestos
a esperar a chagada do coelhinho, com
as marcas dos seus pezinhos feito
com farinha em todo o lugar,
e um copo de leite com
cenoura a lhe esperar,
para ensinar que fé e ressureição
é uma esperança que
não pode findar...
No sótão eram guardadas coisas de
um passado que não alcançávamos,
e sua portinha aberta lá estava
uma bicicletinha do irmão mais velho
que ninguém pegava só olhava.
Aquele pátio que guardava
um galinheiro e uma casinha
com seu cachorro,
um pé de abacate, butiazeiro, limoeiro
um bananal, horta plantada
e no seu fundo uma sanga que
desaguava em todas casas.
Na garagem dois tanques de roupa,
onde no inverno sua mãe lavava
roupas com suas mãos encarangadas...
churrasqueira e o chão cimentado
onde jogávamos água com sabão
para brincar de escorregar.
A casa da minha infância
que não sai da minha lembrança
onde tudo podia e acontecia,
tinha criança correndo nas calçadas,
na rua jogávamos bola, pega-pega,
amarelinha, estatua e de tardezinha
o chimarrão com os vizinhos.
Hoje é a casa que guardo em meus
sonhos, que ainda vejo aquele menino correndo
pela vizinhança fazendo travessuras
procurando um amiguinho para brincar...
Abro meus olhos vejo um homem
adulto barba branca, vizinhos com novas caras de
um tempo mais à frente que não reconheço,
alguns já partiram para não voltar mais
e uma rua vazia sem aquelas
crianças que lá estavam ...
Foi aí que acordei desse sonhar
da casa da minha infância,
amigos que alguns
já se foram para não mais encontrar,
outros estão por este mundo
como eu que não moro mais lá!
Hoje ainda guardo um caderno encapado
com papel de pão verde e um
papagaio colado pelas mãos de minha mãe,
e no seu interior desenhos de saudades que
ainda são lembranças vivas
neste adulto com saudade
da criança na casa de minha infância!.
Saudades, saudades ...!
Amo e Basta !
Jorge Cassepp
Comentários
Uma história muito bonita e comovente!
Enoque Gabriel | 20/09/2022 ás 19:00 Responder Comentários