A boca

Poemas | ADAILTON LIMA
Publicado em 22 de Março de 2024 ás 08h 54min

A boca

Quem tem boca vaia Roma

Ou grita quando sai do coma

Dúvida de tudo entredentes

Na certeza sempre é sorridente

 

Cheirosas, lindas e labiais

Mau hálito, sérias e sensuais

Pequenas, secas e molhadas

Cantam louvores ou são verborragicas

 

Com batom, com brilho ou apagada

Mudas falantes e emudadas

Um grito de socorro na garganta

Uníssonos, medidas não adianta

 

Bala perdida, grito de alerta

Ficou abatido de boca aberta

Um beijo frio ou morno

Na brincadeira é boca de forno

 

A boca que faz muito mal

É a de fumo, lá nada é legal

Ficam todos na boca de espera

Sorrindo de sentimentos que desespera

 

Um vício que escraviza o corpo

Que mesmo vivo parece morto

Uma mente marcada por açoite

Na turva escuridão, da boca da noite

 

Bocas que balbuciam segredos

Olhos que lêem lábios intensos

Língua falante de trapo novo

Salivando tristeza e desgosto 

 

Um pecado, beijo forçado, afronta

Julgamentos, só vai para o céu da boca da onça

A blasfêmia, a ira e a sentença 

Saem da mesma boca da bença

 

E assim versamos sobre a boca

Fizemos poesia de língua solta

Quando brigam batem boca sem jeito

Mas quando se amam, se encontram em um longo beijo

 

ADAILTON LIMA

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