A boca
Quem tem boca vaia Roma
Ou grita quando sai do coma
Dúvida de tudo entredentes
Na certeza sempre é sorridente
Cheirosas, lindas e labiais
Mau hálito, sérias e sensuais
Pequenas, secas e molhadas
Cantam louvores ou são verborragicas
Com batom, com brilho ou apagada
Mudas falantes e emudadas
Um grito de socorro na garganta
Uníssonos, medidas não adianta
Bala perdida, grito de alerta
Ficou abatido de boca aberta
Um beijo frio ou morno
Na brincadeira é boca de forno
A boca que faz muito mal
É a de fumo, lá nada é legal
Ficam todos na boca de espera
Sorrindo de sentimentos que desespera
Um vício que escraviza o corpo
Que mesmo vivo parece morto
Uma mente marcada por açoite
Na turva escuridão, da boca da noite
Bocas que balbuciam segredos
Olhos que lêem lábios intensos
Língua falante de trapo novo
Salivando tristeza e desgosto
Um pecado, beijo forçado, afronta
Julgamentos, só vai para o céu da boca da onça
A blasfêmia, a ira e a sentença
Saem da mesma boca da bença
E assim versamos sobre a boca
Fizemos poesia de língua solta
Quando brigam batem boca sem jeito
Mas quando se amam, se encontram em um longo beijo
ADAILTON LIMA