I Congreso Internacional de Neuropedagogía. De la Neuroeducación a la Neurodidáctica
Marlete DacrocePublicado em 25 de Junho de 2024 ás 20h 25min
I Congreso Internacional de Neuropedagogía. De la Neuroeducación a la Neurodidáctica
Mesa 2. Neuropedagogía y Prácticas Educativas, Madri/España p.265-271
A professora “D” os alunos e a fórmula para consertar o mundo Teacher “D” the students and the formula to fix the world
Drª.Marlete Dacroce
Resumo O presente trabalho aborda a experiência educativa realizada em uma comunidade de aprendizagem em uma escola municipal de Sinop no Mato Grosso/Brasil junto aos alunos dos 5ºs anos que eram, em sua maioria, alunos repetentes e excluídos de outras escolas. A temática era “Construir cidadãos capazes para uma vida mais cidadã” e nos questionamos: Diante dos inúmeros casos de Bullying e violência no ambiente escolar, a escola é capaz de construir indivíduos melhores para o mundo? A didática docente consegue emancipar os alunos para uma vida mais harmônica e cidadã? Assim sendo, o objetivo da aprendizagem foi de construir novas mentalidades para o mundo, indivíduos capazes e mais preparados para o mundo. A metodologia teve o enfoque qualitativo, desenho quase experimental do tipo descritivo com análise sócio-crítico interpretativo para identificar os saberes adquiridos junto aos 61 alunos dos 5ºs anos do ensino fundamental. Foram trabalhados temas como: o repensar a ética na aprendizagem alicerçada nos valores: respeito, honestidade, zelo, justiça, sinceridade, responsabilidade e cidadania. Como resultado, foi possível perceber uma mudança considerável na aprendizagem, um índice menor de violência e dos comportamentos inadequados, assim como se obteve uma interação mais harmônica como um alicerce norteador e de aprendizagem. Como conclusão pode-se dizer que houve a re-significação dos valores essenciais para aprendizagem, bem como a construção de novos saberes em suas representações sociais, oral e escrita. Uma evolução considerável, bem como, a emancipação desses alunos como capazes de construir, de transformar uma realidade posta. Palavras-chave: Inclusão; ética; comunidade; ensino; aprendizagem. Abstract This work addresses the experience of a learning community in 2011 at the Municipal School of Sinop in Mato Grosso, Thiago Aranda Martin, with students from the 5th grades, most of them repeating and excluded from other schools. The theme was to build capable citizens for a more civic life. Faced with the numerous cases of Bullying, and violence in the school environment, the question arises, is the school capable of building better individuals for the world? Can teaching didactics emancipate students to a more harmonious and civic life? Therefore, the objective of learning was to build new mentalities for the world, capable individuals and more prepared for the world. The methodology had a qualitative approach, a quasi-experimental design of the descriptive type with an interpretative socio-critical analysis to identify the knowledge acquired from the 61 students of the 5th grades. Discussion of the results, a considerable change in learning is perceived, a lower rate of violence and inappropriate behavior, a more harmonious interaction was obtained, the re-signification of teaching, as a guiding and learning foundation. Given 34 266 I CONGRESO INTERNACIONAL DE NEUROPEDAGOGÍA. De la Neuroeducación a la Neurodidáctica the fact of rethinking ethics in learning based on values: respect, honesty, zeal, justice, sincerity, responsibility and citizenship. Conclusion it can be said that there was a re-signification of the essential values for life, as well as the construction of new knowledge in its social representations, oral and written. A considerable evolution, as well as the emancipation of these students as capable of building, of transforming a posed reality. Keywords: Inclusion; ethic; community; teaching; learning. Introducción Esta experiência científica fundamentou-se no estudo das comunidades de aprendizagens a qual Fernandez e Camargo (2016) implica em mudança da prática educativa, a qual tem por objetivo maior a aprendizagem partindo da comunidade com os agentes de transformação a qual possa favorecer a inclusão, bem como, o desenvolvimento das competências e das habilidades desses alunos. Assumindo a responsabilidade com o diálogo e pelas alianças construídas e edificadas durante o processo educativo. As comunidades de aprendizagens agrupam indivíduos afins em um espaço determinado, na verdade é um projeto de transformação social e cultural de um centro educativo, o qual se concentrou em duas turmas de alunos de 5ºs anos da escola municipal Thiago Aranda Martin, alunos estes que apresentavam inúmeras dificuldade de aprendizagem, a maioria desses alunos eram excluídos de outras escolas, a descrença desses alunos se dava devido às reprovações escolares as quais eram como um atestado de incapacidade cognitiva e social, uma vez que muitos desses alunos eram oriundos de lares tóxicos e violentos, frutos de rejeição familiar, os quais levavam para a escola o descrédito do adulto/“professores”. O estudo concentrou-se em duas turmas de alunos do 5º ano, alunos da comunidade Bom Jardim e alunos da Comunidade Santa Clara alunos esses excluídos de outras escolas, enviados via transporte escolar a esta escola, Alunos esses com os inúmeros problemas e dificuldade de aprendizagem como; transtorno do déficit de desatenção e hiperatividade (TDAH), dislexia, discalculia, disgrafía, carência emocional afetiva, falta de ética social, dependentes químicos inclusive alunos com medida sócio educativa, durante o período de sondagem educacional pode-se observar que além de todas as dificuldades citadas, 50% desses alunos eram analfabetos aí a necessidade de investir em uma pedagogia diferenciada, pois, as dificuldades eram inúmeras e nenhuma solução, não havia uma receita metodológica pronta para que a professora pudesse amenizar os problemas apontados. Frente aos problemas citados ficou perceptível que essas duas turmas de alunos necessitavam de novas didática de ensino, estratégias de aprendizagens partindo de uma nova visão um novo modelo de planejamento pedagógico que possibilitasse o aprender, que viesse para favorecer a mudança cultural para amenizar as desigualdades sociais. Fernández e Camargo (2016) dada a uma concepção educativa que priorize as ações no diálogo educativo na luta contra a reprodução dos sistemas tradicionais de ensino. 267 Mesa 2. Neuropedagogía y Prácticas Educativas Marco Teórico Comunidades de aprendizagem No sistema educativo não é comum ter exceções de quando se deve agrupar os alunos, uma vez que esses grupos exigem estratégias que permitem o intercâmbio das experiências e que estas proporcionem novos conhecimentos para esses indivíduos a um determinado espaço partindo de projetos que ocorrem quando se reduz o fracasso escolar. Para Fernández e Camargo (2016) o êxito deste projeto se dá quando existe um trabalho coordenado entre escola e comunidade envolvida, somente terão resultados positivos se desenvolvido em consonância entre teoria e prática tendo como objetivo principal a eliminação do fracasso escolar e a melhorar a convivência. As comunidades de aprendizagem buscam a autonomia afetiva na educação com uma função principal a educação como um instrumento valioso que serve também para harmonizar o indivíduo na sociedade, pois, a mesma está composta por várias gerações, como também por aqueles que ficaram à margem da mesma, cabe a educação fazer a integração desses indivíduos no âmbito social no intuito de diminuir as diferenças e os abismos criados dentro da mesma sociedade. Vygotsky (1991) colocada que existe uma forte relação entre o indivíduo e a cultura, pois, a mesma A educação em comunidades de aprendizagem não é pensada como algo estático, mas, sim como um sistema do qual o indivíduo se submete em um palco de negociações onde seus membros estejam constantemente em processo de reinterpretação dos significados. A busca por mais informações se dá em um processo voluntário com mecanismos intencionais e ações conscientes controladas por cada indivíduo. Assim sendo a autonomia será possível quando no uso da razão, embora o ser humano seja prisioneiro de estruturas sociais, que muitas vezes desconhece seus efeitos, por essa razão sofre determinações históricas e sociais. Vygotsky (2006) diz que a educação necessita ser o modelo de diálogo como o mais apropriado a aprendizagem e a resolução de conflitos uma vez que a comunidades de aprendizagem acrescentam uma parte das interações por isso todo modelo educativo contribui para a transformação melhorando a vida possibilitando a cidadania porque atinge o lado humano motivando as pessoas na sociedade. Esses saberes construídos no cotidiano contribuem para a mutação dos grupos, os indivíduos fazem parte inovando assim o desenvolvimento social, político, econômico e cultural. Freire (2022) desenvolveu uma perspectiva dialógica sobre o processo educativo, destacando que tudo o que está no cotidiano influencia na aprendizagem em um contexto de tempo e espaço e que jamais se dá de forma egocêntrica. O ser humano, como um ser inacabado, necessita ser educado uma vez que estamos todos em construção e por isso a educação tem caráter permanente e que quando o indivíduo se deparar com problemas ou obstáculos deve focar na busca de soluções, assim encontrará a saída para os mesmos e além de contribuir para a transformação do mundo que o cerca. Desta forma, a cultura também contribui para a transformação da sociedade em que vive. 268 I CONGRESO INTERNACIONAL DE NEUROPEDAGOGÍA. De la Neuroeducación a la Neurodidáctica Metodología O presente estudo fundamentou-se no processo de comunidade de aprendizagem numa perspectiva dialógica alicerçada nos valores éticos em uma investigação quasí-experimental com atuação direta da pesquisadora junto à comunidade alvo formada por duas turmas (A e B) de estudantes de 5º ano em um total de 61 alunos em intervenção pedagógica. Os dados observados foram coletados e descritos, conforme “etnografia no ambiente escolar” seguindo um enfoque qualitativo do tipo descritivo. Neste sentido, Alvarenga (2013) diz que a investigação quasi-experimental tem o mesmo propósito do estudo experimental. O estudo teve um enfoque qualitativo que segundo Sampieri, Collado e Lúcio (2010), deve pretender compreender um problema humano ou social, por meio da elaboração de um desenho construído e desenvolvido no contexto natural. O próprio contexto serve para a pluralidade na coleta dos dados que prioriza a significação. Para González Fernández e Camargo (2014) a pesquisa descreve características da comunidade de aprendizagem, onde o próprio contexto serve para a pluralidade na coleta dos dados e sua significação. Sampieri, Collado e Lucio (2010) buscam especificar as propriedades, características e perfil das pessoas, grupos ou comunidades ou qualquer outro fenômeno e assim fazer uma análise sobre o mesmo. O estudo se utilizou com o apoio do paradigma sócio-crítico, interpretativo, dos quais os “feitos científicos são feitos de alguma comunidade de aprendizagem que reconhece certo período como base para sua prática posterior” (González, Fernandez e Camargo, 2014, p. 47). Este paradigma se ocupa dos problemas sociais, partindo da ideia de que a educação não é neutra, neste caso é entendida como uma relação dialética entre o sujeito com o objeto de estudo como protagonista principal do estudo. Este paradigma serviu de base para observar a melhoria das práticas educativas de forma flexível no intuito de verificar a transformação da uma realidade posta por meio de estratégias inovadoras e significativas. Resultados Dado a realidade do início do estudo da comunidade de aprendizagem nas duas classes de 5º ano, observou-se que foi possível reverter uma realidade posta quando se passou a intervir dentro de uma perspectiva dialógica, abolindo desta forma a pedagogia do avestruz, metodologia conteudista do faz de conta, na verdade a única coisa que os alunos faziam era copiar intermináveis conteúdos e textos da lousa repetindo, conteúdos sem nenhuma reflexão. Dado que 50% desses alunos eram analfabetos, foi necessária a aplicação dos conhecimentos da neuropedagogia com uma didática a qual pudesse envolver e resgatar os alunos enquanto coparticipantes do processo ensino aprendizagem, pois os conteúdos a eles até então eram insignificantes, motivo de recusa e aversão à escola. Devido ao fracasso escolar vivido durante o tempo de escolarização era possível observar uma baixa autoestima, 269 Mesa 2. Neuropedagogía y Prácticas Educativas baixa crença sobre o futuro e um sentimento de rejeição. Esta observação foi fruto de uma triagem realizada para ouvir os alunos, para saber das angústias, desejos, percepções e expectativas quanto ao ensino aprendizagem e para a vida. Só é possível uma comunidade de aprendizagem quando de forma coletiva na construção dos interesses dos alunos o qual se alicerçou nos sete pilares o “tangram” foi usado como base para o desenvolvimento temático: Respeito, Responsabilidade, Honestidade, Sinceridade, Zelo, Cidadania e Justiça, cada peça expressava um valor e uma cor. Desta forma, o desenvolvimento da comunidade de aprendizagem se deu via temática “Respeito” representado os pilares éticos sociais: “Construindo o caráter através do Respeito” e todas as atividades e conteúdos eram fundamentados no valor respeito. Assim, os alunos eram instigados oralmente a participar de diferentes formas das reflexões e das interpretações uma vez a maioria desses alunos eram analfabetos, deste modo co-participavam da leitura oral feita pela professora, levantando hipóteses, fazendo inferências, previsões, refletindo sobre a mensagem da história do texto e por último faziam a interpretação oral para após a interpretação escrita. Assim também a produção de texto, frases e palavras. “El carácter Inclusivo que tienen las comunidades de aprendizaje beneficia a toda la comunidad educativa, ya que el maestro debe buscar la forma de trabajar que satisfaga las necesidades de todos sus alumnos, deberá explicar los mismos contenidos de diferentes maneras” Fernández y Camargo (2016, p.33). Desta forma toda temática era definida de forma consensual e coletiva e todo o conhecimento produzido era consolidado em exposições, palestras, feiras, visitas, passeios, lembretes e desfiles, os alunos levavam a mensagem a outros alunos bem como para a sociedade como os porta vozes da transformação social. As demais temáticas a Responsabilidade, Honestidade, Sinceridade, Zelo, Cidadania e Justiça, foram sendo desenvolvidas sucessivamente. Assim sendo, o processo de avaliação do ensino aprendizagem ocorreu de forma formativa diariamente uma auto-avaliação para verificar as percepções e a assimilação dos alunos aos novos saberes. Está é uma “idea de educación para todos, la qual pueda ofrecer una satisfacción de las necesidades básicas de aprendizaje, al tiempo que desarrolla el bienestar individual y social de todas las personas dentro del sistema de educación formal” Fernández y Camargo (2016, p.33). Conclusiones Conclui-se que este trabalho de intervenção se deu a partir do desenvolvimento da competência comunicativa a qual demonstram que todas as pessoas são capazes de se comunicar e de aprender. A literatura foi o alicerce na construção e, a base para efetivar os sete pilares éticos sociais que tinham como intuito restabelecer a confiança dos alunos com a figuro do docente levando assim a resgatar a auto estima e a autoconfiança, as quais já haviam perdido devido às inúmeras exclusões, repetências os quais somatizam fracassos. Por isso, todo o cuidado e a atenção foram redobrados uma vez que percebia que os alunos tinham a capacidade de aprender a transformar a realidade posta até então. 270 I CONGRESO INTERNACIONAL DE NEUROPEDAGOGÍA. De la Neuroeducación a la Neurodidáctica Durante o processo de ensino e aprendizagem se fez necessário um entendimento maior no intuito de buscar mudança nas ações reflexivas para a construção do autoconhecimento, como um mecanismo democrático, desta forma, os alunos aos poucos foram assumindo uma nova postura, se apropriando dos novos saberes, fazendo uso de uma nova dialética passando a disseminar uma nova mentalidade abolindo as atitudes repressivas e violentas. Contudo, a apropriação dos novos saberes fomentou novas habilidades e competências que se solidificaram, novas representações afetivas, sociais, tornando-os como “multiplicadores de Paz”. Constatou-se ainda que valorizar “o aluno” enquanto parte integrante do processo é indispensável para que se possa resgatar pessoas incríveis, indivíduos habilidosos em suas múltiplas habilidades, fazendo toda a diferença ao meio do qual está inserido. Pode-se verificar que uma pedagogia diferenciada pode resgatar o ser enquanto cidadão de direitos e deveres quando uma metodologia adequada, significativa à comunidade é possível transpor o foco de excluídos para corresponsáveis participantes e inclusos parte integrante da escola e da sociedade. E por fim, essa comunidade de aprendizagem foi o resgate desses alunos não somente enquanto ser existencial, mas também enquanto didática educativa que envolvente e significativa.
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Fonte: https://octaedro.com/libro/i-congreso-internaciona