Escritor Manoel Rodrigues Leite


Publicado em 19 de Janeiro de 2021 ás 08h 54min

 

Falando com o nosso escritor homenageado

 

1 – AL Como foi o seu primeiro contato com a literatura?

R: Manoel: Desde muito sendo me interessava por aspectos da literatura ficcional (Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley, 1984 - George Orwell) e conflitos existenciais (Otelo - William Shakespeare, Crime e Castigo - Fiódor Dostoiévski). E também autores nacionais com textos sublimes como Rubem Alves, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Lair Ribeiro, Augusto dos Anjos e José de Alencar. Sou o mais novo de uma família de quatro meninas e três meninos. Meus pais Manoel Dias Leite e Clotilde Rodrigues Leite embora em sua juventude estudaram apenas até 2ª e 4ª série respectivamente. Eles fundaram uma escola em nossa própria casa, isso aconteceu no município de Várzea Grande (MT), na década de setenta. Lembro-me de muitas vezes assistir as aulas por detras das cortinas, nessa época eu ainda não tinha idade para frequentar as aulas. Posteriormente a escola ampliou e hoje funciona no bairro da Manga, em Várzea Grande com a denominação de Escola Estadual Emanuel Pinheiro, escola essa que estudei até a 4ª série.

É difícil definir os primeiros contatos com a literatura. Mas acredito que começara com a família e posteriormente livros que eu emprestava nas bibliotecas das escolas e algumas aquisições ao longo dos tempos.

2 - AL: Você escreve mais textos científicos, e as principais diferenças entre os textos literários e não-literários estão no objetivo e no modo como são construídos. Como você faz para diferenciar os momentos que você está produzindo ambos os textos?

R: Manoel: Eu acredito que a principal diferença estar em pensar no leitor, e como este será tocado pela obra. Tanto o texto científico como o texto literário possuem regras próprias que devem ser consideradas em sua totalidade. Uma das minhas primeiras participações em livro fora durante o mestrado em uma coletânea de artigos científicos intitulada Despertar para Fronteira, nesta eu participei com o artigo Ordenamento, Territorialidade e Qualidade de Vida. O intuito de um livro mais técnico é um parecer mais formal e científico possível. Todavia, penso que textos científicos também precisam de serem acessíveis. Afinal, conhecimento não é para ficar guardado “debaixo do colchão”, uso essa expressão pois ministrei aulas em cursos de graduação e pós-graduação desde o ano de 2003, e, percebi trabalhos brilhantes que normalmente só eram vistos nas bancas de apresentação, e depois ninguém mais tivera acesso aos mesmos. Noto também que a literatura e a produção científica caminham juntas, para tanto cito duas obras magníficas que conseguem alinhar os dois estilos: O Mundo de Sofia de  Jostein Gaarder, na qual de maneira primorosa descreve os mais importantes conceitos da filosofia ocidental em um romance que a protagonista ao mesmo tempo aprende o que é filosofia ela vivencia e  se percebe como personagem de sua própria história; outro romance altamente recomendo é Walden II de B. F. Skinner, neste trabalho Skinner consegue em forma de romance relatar uma sociedade alternativa com todas as leis do behaviorismo, mais do que um facilitador dos conceitos científicos é um exemplo que a ciência quando bem contada desperta  as emoções do leitor.    

3 – Os textos não-literários contribui com seus processos de construção de textos literários?

R: Manoel: Sim, enormemente. Enquanto formação e estudos em psicologia, percebi o quanto é rico a análise da literatura para se entender a psique humana. Diante disso o oposto também caminha junto. Textos científicos também são bases poderosas para que os textos literários sejam construídos, isso enriquece a obra, e fornece embasamentos mais consistentes. Atuo na psicologia desde o início do século, e sou curioso nos aspectos do comportamento humano por toda a minha vida. Os textos não literários e as vivências humanas são tintas que possibilitam pintar as mais belas obras de artes. O que acontece em muitas vezes é uma visão equivocada, que textos científicos dito por alguns como acadêmicos, precisam ser de difícil compreensão para serem valorizados. Isso é tão verdade que quando você encontra livros com título de depressão e ansiedade estes estão nas estantes de psicologia e psiquiatria. Mas, quando os títulos são de felicidade ou relacionamentos, geralmente são classificados com autoajuda. Tal fato ocorre por muitos desmerecerem assuntos positivos e úteis, como se a ciência devesse tratar apenas de doenças e sofrimento. A literatura é um canal de contato com o mundo e com o leitor que precisar ser utilizado, todas as metacontingências envolvidas em sua elaboração e apropriação pode imensamente colaborar para uma melhor vivência e compreensão do fator humano e de suas interações.

4 - AL: Fale-nos um pouco do seu trajeto literário e quando você começou a escrever os contos as poesias.

R: Manoel: Comecei a participar de coletâneas como esta promovida pela Editora Ações Literárias. Os projetos que estimulam a publicação de poesias e contos em coletâneas permitem ao escritor iniciante expor um pouco de seu trabalho. Com isso ele ganha gosto e fôlego para participar de muitos outros trabalhos. Em poesia iniciei no projeto criado pela Dolores Flor intitulado Autores Mato-grossenses – Alto Taquari em Versus, sendo este para mim um divisor de águas. Nos contos tive participações mais amplas, talvez por me identificar mais com o gênero literário, tive contos selecionais em antologias no Brasil e em Portugal. E, em 2019 e 2020 fiz parte de todas as antologias da Editora Ações Literárias na categoria de conto. Atualmente, graças a premiação da editora tenho o meu primeiro livro exclusivamente de conto Emoções Tatuadas. Tudo isso é muito gratificante e motiva a produzir mais e mais.

5 - AL: Como é o seu processo de escrita literária? Qual é a sua inspiração?

R: Manoel: O processo de escrita é muito variado. Penso que a expressão de Albert Einstein “a ciência: 5% de inspiração e 95% de transpiração” representa muito o processo de escrita. Quando me refiro aos 95%, descrevo o compromisso, e, o hábito de estar na frente do computador vendo e revendo a escrita. Já os 5% iniciais que se refere a inspiração, penso que é um estado de bem estar para contemplar e conectar com a literatura. Os fenômenos que servem de inspiração são os mais variados possíveis, desde uma imagem, uma conversa até mesmo uma reflexão introspectiva. Inspiração, entendo que está em tudo, mas nem sempre estamos conectados para nos inspirarmos. Inspirar é conectar com Deus e aquilo que Ele cria e criou.

6 - AL: Você é professor, como você vê a literatura hoje na sala de aula no dia a dia com adolescentes e jovens?

R: Manoel: Não posso me considerar um conhecedor de literatura. Pois, sou um professor e estudioso do comportamento e não da literatura. Mas, concordo com alguns antropólogos que afirmam que, uma das dificuldades em sala da aula não é ensinar. E, sim ajudar a retirar o excesso de superficialidade para se ter um pouco de profundidade. “Não se faz mal comer chocolate. O que se faz mal é substituir o arroz com feijão pelo chocolate”. Em outras palavras sabemos muito rasamente. Aprecio as literaturas fantásticas, nas últimas décadas ganharam expressão na tv e no cinema como obras de super heróis. Isso pode ser muito positivo, o que fica vago é guando não se consegue lincar os heróis da tv com os clássicos da literatura e acreditar que o filme por melhor que seja é a única expressão daquele mito ou a única versão na jornada do herói. Por isso entendo que navegar entre tendências e clássicos é um caminho ímpar na formação do bom leitor. Afinal, os jovens são capazes de lidar com desafios que foram preparados adequadamente. Gosto não é capacidade. O jovem leitor tem todo o direito de não gostar do estilo literário de Machado de Assis. Mas, deve ter a capacidade de ler, interpretar e apreciar a sua qualidade literária.

7 – Qual o papel da literatura na formação de adolescentes e jovens?

R: Manoel: Autores importantes da psicologia como Burrhus Frederic Skinner e Lev Siminovich Vigotski são categóricos ao descreverem a importância da linguagem na formação da mente humana. Ademais ambos se formaram em letras e tornaram-se pilares da psicologia moderna. Outrossim, sabe-se a variedade comportamental está ligada diretamente a variedade de experiências e, aprendizagens conceituais ocorridas ao longo da vida. E, uma das formas de promover ampliações de tais variedades encontra-se precisamente na literatura, destacando aqui o poder educativo que ela tem em todos os seus gêneros. Todo bom educador, palestrante e sábio também é um bom contador de histórias, parábolas, fábula ou alegorias que de uma só vez consegue tocar os corações e as mentes de seus leitores e ouvintes. A exemplo Nossrat Peseschkian em seu livro O Mercador e o Papagaio: histórias orientais como ferramenta em psicoterapia, partindo da teoria das histórias, envolvidas no conceito da psicologia positiva ilustra mais de 100 casos clínicos. Todos muito bem direcionados com o aporte de histórias orientais na promoção da saúde mental de seus pacientes. Isso, muito além de um conhecimento rebuscado para rodas de conversas acadêmicas, transporta para um “modus vivendi” que amplia o mundo daquele que aprende pelas lições de vida exposta na literatura de toda a humanidade.

8 - Como escolher um título para indicar para a sala de aula?

R: Manoel: Esta é uma questão delicada, normalmente está atrelada a planejamentos institucionais previamente estabelecidos. Contudo, pode-se incitar a curiosidades e complementariedades muito positivas. O que se faz necessário entender que literatura não se restringi as aulas de língua portuguesa. Um professor cujo o interesse em despertar a curiosidade em física moderna pode indicar Minha Breve História de Stephen Hawking, uma autobiografia de um dos físicos mais importantes do século XX. Pode também citar O Poder dos Quietos de Susan Cain descrevendo de maneira direta sobre introversão, extroversão e timidez. Agora se quiser entender como tomamos decisões a obra Rápido e Devagar do Prêmio Nobel de Economia, o psicólogo Daniel Kahneman é uma leitura fascinante, haja visto que pouco se ensina nas escolas como realmente o cérebro humano funciona nas suas ações cotidianas. O que você tem todo direito de questionar é que alguns dos títulos que apresentei não são livros de literatura. Sim, eu sei muito bem disso, mas em sua composição existem trechos pertinentes de muitas obras e servem de condutores para novas buscas e curiosidades. Contudo, o mais relevante é oportunizar uma gama variada de leituras com qualidade técnicas e coerentes com as necessidades dos jovens leitores. 

9- Qual a melhor forma de desenvolver um bom hábito de leitura?

R: Manoel: O primeiro passo é distinguir, que existem diversos tipos e níveis de leitura. Tipos, pois temos leitura desde entretenimento até leitura científica. Sendo assim, muito erram ao querer ler todos da mesma maneira. Mesmo na literatura é muito diferente se ler uma um livro de poesia de um livro de romance. A exemplo disso, esta bela obra que o leitor tem em mãos, é um livro de coletânea de contos, dessa forma o leitor pode ler de maneira independe da ordem. Alguns inclusive podem ler esta entrevista apenas depois de ter lido alguns dos contos apresentados, e tudo bem. Já um romance fica mais delicado pular a ordem dos capítulos. Outro aspecto a se destacar refere-se ao grau de conhecimento que o leitor possui sobre o assunto, isso é muito importante. Quanto maior a familiaridade com assunto maior a sua desenvoltura e velocidade. Com isso sempre é bom ter níveis e estilos diferentes de leitura a serem praticados, para com o tempo o nível de aptidão aumente. Àqueles que se julgam ruins de leitura, em meus cursos recomendo que devam se aliar ao tempo. O que isso quer dizer? Use o tempo a seu favor, primeiramente sabendo do seu desempenho. Da mesma maneira que uma pessoa sedentária que desejar um dia participar de uma maratona, ele inicia o treinamento leve e aumenta a intensidade aos poucos, o leitor iniciante deve fazer o mesmo. Comece com uma leitura de dez minutos diários, e aumente gradualmente, se mesmo assim for muito, tudo bem, comece com cinco ou três minutos se esse for o início possível. O importante é começar e persistir. Pois, se você ler 10 páginas ao dia em um período de 1 ano terá lido 3650 páginas. Se os livros forem em média de 150 páginas serão quase 25 livros ao ano, é um bom resultado a se alcançar em um ano. Aproveite este momento e aceite o desafio, você irá se surpreender com os inúmeros benefícios que alcançará!

10 - AL: Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?

R: Manoel: Reviso os meus textos algumas vezes. Mas sentir que realmente está pronto, isso já é outra estória. Sempre é possível melhorar, e nesses aspectos muitas revisões para mim pode ser uma grande armadilha. Entendo que no meu caso em particular, muitas percepções textuais podem mudar ao longo do tempo, gerando com isso um paradoxo entre a ideia inicial e o amadurecimento da reflexão, que em alguns pontos podem fugir das inspirações que deram origem a produção do texto. Sendo assim, procuro manter um fio condutor quando faço o primeiro rascunho, dessa maneira percebo quando o foco está se diluindo da ideia original. Mostrar os meus trabalhos para algumas poucas pessoas é importante, e me ajuda muito no processo criativo. Apenas digo que deve ser poucas pessoas para que as contribuições floresçam. E quando sugestões saírem do viés pretendido, apenas agradecer e notar que são percepções que em muitos casos ajudam a refletir, porém de forma alguma possuem a obrigação de mudança. Nesse aspecto a pessoa mais indicada para sugestões são pessoas que tenham conhecimento de editoração, por isso a importância de uma editora para o escritor. E no meu caso tenho um dos melhores suportes que um escritor poderia ter.

11 - AL: Quais escritores influenciaram o seu processo de criação literária, desde o início?

R: Manoel: As influências são inúmeras. Talvez aqui não consiga identificar todas. Pois algumas que são tão indiretas colaboram imensamente com a formação do escritor, mas que por escolha de público ou estilo, este não adota. Lembro-me que quando tinha meus 10 anos de idade, gostava muito das crônicas que o Jô Soares escrevia na revista Veja, eram textos de uma página, crônicas engraçadas do cotidiano, penso terem me influenciado muito. Contudo, não percebo no momento veia humorística em meus textos, e penso ser pouco provável que venha a ter. Na pré-adolescência lia José de Alencar, Augusto dos Anjos, Nikolai Leskov, Edmond Rostand, Castro Alves e muitos outros que certamente me inspiraram muito. Todavia estou ainda muito distante da grandiosidade destes autores para dizer que verdadeiramente se incorporaram o meu estilo, que a meu ver está ainda em construção. Os que percebo que influenciam atualmente são o incomparável Rubem Alves com a sua busca de trazer assuntos leves e cotidianos; Sêneca que em suas obras nos ensina um caminho possível para a felicidade; simpatizo imensamente com o drama humano presente nas obras de Gabriel Garcia Marquez, e muitos outros que buscam levantar questões positivas da alma humana. Vale destacar que temos muitos escritores contemporâneos bons, que servem de inspiração e influencia nas construções literárias. É óbvio que quando citamos as influencias primeiras referimos normalmente a autores clássicos. Mas, é inegável que somos influenciados por tudo que lemos e dessa maneira os nossos autores contemporâneos possuem um papel primoroso, tanto na formação de novos leitos como também de novos escritores.

12 - AL: Quais são os seus próximos projetos literários?

R: Manoel: Tenho alguns em andamentos, não sei se é o momento de descrever os pormenores deles. Contudo, penso que alguns que estão no prelo logo estarão nas mãos dos leitores, e por isso um pouco de spoiler não faz mal. Um dos projetos em andamento é a participação das antologias de escritores contemporâneos tanto em conto quanto em poesia. Esse magnífico projeto me permite testar estilos, e fornece uma regularidade de publicação, algo tão importante para o escritor. Além, é obvio de troca de experiência e contato com outros escritores de diversos estilos e inspirações. Quanto aos trabalhos solo, em breve será publicado pela Editora Ações Literárias o Tempo sem Culpa, no qual discuto a relação com o tempo em suas diversas formas. E, de uma maneira ainda que modesta resgato reflexões e estudos que colaboram para uma melhor relação com o tempo e, o quanto isso beneficia àqueles que almejam viver em harmonia com o tempo.  Temos também em elaboração um livro de conto e outro de poesias, digo tranquilamente que estes surgiram de minhas interações com o projeto escritores contemporâneos. E, como não poderia faltar psicologia e comportamento estão em elaboração, abordando aspectos da saúde mental, e inúmeros temas que possibilitam o pensar e viver a saúde mental de maneira mais realizável possível. O que posso dizer, é que se Deus permitir em breve muitos outros trabalhos estarão disponíveis para leitura. Pois, escrever é uma forma de tocar a psique humana, e, isso é o que há de mais belos nas interações entre as pessoas.

13 - AL: Quais são seus escritores / livros favoritos?

R: Manoel: A lista pode conter lacunas e, por isso descreverei os que vierem primeiro em minha memória.

Gabriel Garcia Marquez: Cem anos de Solidão; Dez Contos Peregrinos; Memória de Minhas Putas Tristes; Amor em Tempos de Cólera.

Burrhus Frederic Skinner: Ciência e Comportamento Humano; Walden II: uma sociedade do futuro; O Comportamento Verbal; Sobre o Behaviorismo; Questões Recentes na Análise do Comportamento.

Lúcio Aneu Séneca: A Tranquilidade da Alma; Sobre a brevidade da vida; A Vida Feliz; A Vida Retirada.

Rubem Azevedo Alves: Concerto para corpo e alma; Conversas com quem gosta de ensinar; Histórias de quem gosta de ensinar; A alegria de ensinar; Navegando.

George Orwell: A Revolução dos Bichos; 1984.

Lev Siminovich Vigotski: A História do Comportamento – o macaco, o primitivo e a criança; Pensamento e Linguagem.

Alexandre Dumas – O Conde de Monde Cristo; Os Três Mosqueteiros; O Homem da Máscara de Ferro.

José de Alencar: O Guarani; Iracema; Ubirajara.

Florbela Espanca: Trocando Olhares; Livro de Sóror Saudade; Livro das Mágoas.

Henry David Thoreau: A Vida nos Bosques; Desobediência Civil.

Aldous Huxley: Admirável Mundo Novo.

Carlos Drummond de Andrade: Contos de Aprendiz; Brejo das almas; Sentimento do mundo; José; A rosa do povo; Boitempo.

Eduardo Spohr: A Batalha do Apocalipse.

J. R. R. Tolkien: O Hobbit.

Marco Aurélio: Meditações.

 

14 - AL: Qual obra sua que você gostaria de destacar?

R: Manoel: Entre as quatro obras solo que eu lancei, sem dúvida nenhuma a que mais se destaca é O Amor e o Medo, lançado em 2014. Tanto pela repercussão pelo objetivo alcançado. O livro surgiu da necessidade de ampliar o diálogo sobre relacionamento. Enquanto psicólogo trabalhava frequente sobre relacionamento, tema recorrente e ao mesmo tão carente de mais reflexões sensíveis as pessoas. Na época eu gostaria que tais ponderações saíssem do aconselhamento psicológico feito no consultório, e estendesse as famílias de meus clientes ou mesmos desconhecidos que poderiam beneficiar-se dos assuntos ali expostos. Os temas foram tantos que renderam dois livros: O Amor e o Medo; e Mais Amor e Menos Medo (no prelo). De forma alguma desconsidero Me Formei! E Agora? 7 Atitudes para um Relacionamento sem Stress, e nem Emoções Tatuadas, cada qual tem sua importância e o leitor pode divergir de opinião. Mas, o Amor e o Medo carrega muito do estilo que adoto hoje em diversos de meus trabalhos.  

 

15 – AL: O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?

R: Manoel: Percebo que uma das principais mudanças está necessariamente na variação de estilo e tema. Avalio que ainda não possuo um estilo propriamente definito, e, por isso essa testagem de estilos literários é muito bem-vinda. Quanto aos temas envolvidos na produção, entendo que é natural ao longo do tempo sofrer influências de demandas cotidianas e sociais. Ainda sou muito jovem no processo de criação literária, sendo assim, tenho muito que amadurecer. Uma das formas de promover tal amadurecimento é o contato com o leitor, receber feedback dois leitores é algo muito bom, além de serem inspiradores ajudam a refinar a escrita. O que eu diria para mim mesmo sobre as primeiras escritas? Isso é fácil, seria: Escreva mais! Publique mais! Esse é o principal caminho para o desenvolvimento de competências e habilidades. A prática é fundamental é qualquer coisa, e por quais razões seriam diferentes na produção literária? Isso me faz lembrar de meu projeto de pesquisa que apresentei para o mestrado. Na época tinha uma vaga para a orientação que eu pretendia, e por saber em cima da hora, elaborei todo o projeto em menos de dez dias, sem contar em estudar e me preparar para a seleção. Fiquei muito orgulhoso do resultado, afinal passei na vaga pretendida. O projeto fora bom, precisou fazer pouquíssimos ajustes durante o mestrado, o pré-projeto era quase o mesmo que o projeto final. Tal fato, me economizou tempo e me tranquilizou durante toda a etapa do mestrado. Mas, o mais interessante é que depois que conclui o mestrado estivera lendo meus rascunhos e textos primeiros, e notei o quanto a qualidade escrita se modificara naqueles dois anos. Cheguei a ficar com vergonha do pré-projeto que considerava tão bom e me abriu muitas portas. As coisas são assim mesmo, ao melhorarmos notamos tais diferenças. Mas, isso só irar acontecer com a prática, o importante é melhorar sempre. Por tal razão é fundamental escrever e publicar, penso que o texto nunca está 100% pronto, ele se constrói com as interlocuções que fazemos. E, assim nos desenvolvemos em nossos propósitos.  

 

16 - AL: Qual dica você deixaria para escritores iniciantes, com base em suas próprias experiências?

R: Manoel: Aproveite as oportunidades. Se você ainda não tem um livro todo pronto, participe com outros escritores de antologias. Toque experiências, ouça opinião de editores, estes são muito importantes, e possuem um entendimento técnico que o escritor sempre precisar. Gosto muito de ler biografias, e em muitos casos essa aproximação entre o escritor e o editor facilita e direciona aquilo que é tão importante para a produção literária. Nesse aspecto parabenizo imensamente a iniciativa da Editora Ações Literárias que vem propiciando em seus diversos trabalhos a oportunidade que as vezes é tão distante para o escritor iniciante. Ela consegue não apenas imprimir o seu trabalho, ela especialmente na pessoa da Dolores Flor, consegue auxiliar no direcionamento para que o sonho de escrever e publicar se torne algo consistente e realizável. Isso normalmente é muito difícil de encontrar, a Editora Ações Literárias é mais do que uma editora é um laboratório de ideias e companheirismo poético que permite ao escritor quer seja ele iniciante ou experiente sentir em casa, e consequentemente produzir e divulgar cada vez mais o seu trabalho. A você que envereda pelos caminhos da produção literária, recomendo que tire seus rascunhos da gaveta. Exponha, pratique e alcance o sucesso. Pois, isso é possível. E, muito obrigado pela editora por me permitir expor um pouco de mim. Grato!

 

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